Através do Espelho (I et speil, i em gate)

Resenha por: Estefânia Berrini da Fonseca

Releituras na Quarentena

A narrativa de “Através do Espelho” conta a história de Cecilia Skotbu, uma jovem norueguesa curiosa e esperta, que gosta de viver intensamente e anotar tudo que aprendeu em um pequeno diário vermelho chinês. A história começa com Cecilia deitada sobre sua cama, devido a uma doença terminal de nome indeterminado, já em estágio avançado, ao ponto dela não conseguir mais se levantar sem o auxílio de seu pai e precisando tomar injeções uma vez por semana. Embora esteja fraca, Cecilia tenta manter o ânimo para não preocupar sua família e imagina que a doença irá passar eventualmente e assim poderá brincar com seus amigos.

Numa noite, depois de festejar o Natal, Cecilia recebe em seu quarto uma visita incomum, de um pequeno anjo chamado Ariel. Ficou curiosa com a aparição do anjo, pois só sabia sobre os anjos através das histórias que sua avó lhe contava e nunca tinha visto um antes pessoalmente. Pensando ser fruto de sua imaginação, Cecilia começa a questioná-lo sobre assuntos relacionados a anjos e ao Paraíso, enquanto Ariel também pergunta para Cecilia assuntos relacionados aos humanos e como é ser vivo e de carne e osso, com 5 sentidos e sentimentos. Logo, durante o percurso das noites que passam, os dois conversam e dividem opiniões sobre diferentes temas como: a vida, a morte, a religião, a ciência, o ser humano e os anjos. Quando Cecilia acorda, duvidando se aquilo aconteceu de verdade, decide anotar as coisas que ouviu e falou, para não se esquecer de cada momento importante que passou com seu peculiar amigo.

A história pode parecer curta e simples, mas é só uma camada para uma viagem pessoal sobre a vida e a morte, focada nos diálogos simples e naturais de Cecilia com os diálogos filosóficos e profundos de Ariel, que vão servir para que os leitores reflitam sobre as coisas maravilhosas que presenciaram a cada momento, compartilhando experiências e aprendendo sobre tudo que viram durante a vida e, eventualmente, aceitando a partida sem medo.

Apesar de ter poucos personagens, focando sempre nos protagonistas, a família de Cecilia ganha destaque através da convivência e dos relatos que conta para Ariel, como os pais amorosos, o irmão caçula e o avô e a avó que dividem suas histórias, principalmente sua avó com quem divide com Cecília lendas nórdicas e religião, para ensinar sua neta a ser corajosa e esperta. O autor usa o espelho como uma metáfora, como um símbolo para a identidade e uma passagem para um outro mundo, um mundo desconhecido que pode ser assustador mas também pode ser fascinante e misterioso se encararmos com profundidade para conhecê-lo.

Escrito por: Jostein Gaarden

Ano: 1993

Páginas: 141

Editora: Companhia das Letras

Localização na Biblioteca José de Alencar/FL: 839.82374 G111i ed.bras.

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