A Quinta Estação

Vitória Oliveira

Releituras na Quarentena

É assim que o mundo termina. Pela última vez.

Três coisas terríveis acontecem em um único dia: Essun volta para casa e descobre que seu marido assassinou brutalmente o próprio filho e sequestrou sua filha. Sanze, o poderoso império cujas inovações têm sido o fundamento da civilização por mais de mil anos, colapsa frente à destruição de sua maior cidade pelas mãos de um homem louco e vingativo.

E, no coração do único continente, uma grande fenda vermelha foi aberta e expele cinzas capazes de escurecer o céu e apagar o sol por anos. Ou séculos. Mas esta é a Quietude, lugar há muito acostumado à catástrofe, onde os orogenes – aqueles que empunham o poder da terra como uma arma – são mais temidos do que a longa e fria noite. E onde não há compaixão.

Venho aqui indicar o livro A Quinta Estação!

N. K. Jemisin é a primeira mulher negra a vencer o maior prêmio de literatura fantástica, o Hugo Awards. E foi justamente com o livro A Quinta Estação que ela conseguiu esse feito. Não o bastante, ela também conseguiu ganhar o mesmo prêmio com os outros dois livros que fazem parte da trilogia, O portão do obelisco e O céu de pedra.

Eu acredito que o que faz a narrativa e o mundo criado por ela ser tão fascinante e tão premiado é o fato de a autora conseguir construir um mundo extremamente detalhado, bem construído com personagens de diferentes etnias, raças, orientações sexuais e idades. Uma das personagens principais de A Quinta Estação, por exemplo, é uma mulher negra de meia idade. Logo, a autora quebra totalmente os estereótipos que livros de fantasia costumam ter.

Em uma entrevista dada ao Estadão, Jemisin explicou um pouco do motivo de seus livros serem tão fora da fórmula de livros de fantasia.

“Sou uma mulher negra de meia-idade. Queria ler uma história com a qual eu me identificasse”

“Como escritora, eu gostaria de ver personagens que eu ainda não havia visto antes, histórias contadas de perspectivas originais. Eu vejo predominantemente homens brancos jovens, às vezes não tão jovens, como protagonistas de muitas histórias. Não há problema nisso, eu posso lê-las. Mas tenho a habilidade de escrever algo diferente, então foi o que eu fiz.”

É exatamente isso que ela faz em A Quinta Estação primeiro livro da trilogia – A Terra Partida. No livro somos apresentados a três personagens negras. Cada uma das personagens é narrada de forma diferente. Os capítulos de Damaya seguem uma narrativa em terceira pessoa, de Essun são em segunda pessoa, e os capítulos de Syanite são em terceira pessoa com uma espécie de narrador onisciente.

O universo criado por Jemisin é cercado por instabilidades sísmicas, preconceitos com um grupo específico de pessoas especiais, e uma mãe sedenta por vingança pelo seu filho assassinado pelo próprio pai. Para complementar tudo isso, Jemisin tem uma escrita cativante e que faz com que o leitor não queira parar sua leitura. Acredito que quem embarcar na leitura sobre o mundo de Quietude e toda a jornada de Damaya, Essun e Syanite, não irá se arrepender.

Vitória Oliveira – Estudante de Licenciatura – Letras: Português/Inglês

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