A curiosa iluminação do professor Caritat

Resenha por Bárbara Simões Matos

Releituras na Quarentena

Conheci “A curiosa iluminação do professor Caritat” através de uma indicação de leitura para a quarentena e posso, com prazer, dizer que é um livro dotado de simplicidade na discussão de questões densas – contraste que pode ser explicado através da empreitada proposta pelo autor para seu protagonista, Nicholas Caritat: a busca pelo melhor mundo possível.

Disso parte-se de um otimismo representado na ideia de progresso social, de onde pode-se ver semelhanças com um personagem histórico com o qual Steven Lukes já produziu materiais e que compartilha o mesmo nome de nosso protagonista: Marquês de Condorcet – cujo nome é Marie Jean Antoine Nicolas de Caritat.

A saga do professor Nicholas Caritat parte da cidade de Militária, inicialmente preso por seu otimismo, influenciado por sua paixão pelas ideias, em especial, o Iluminismo. Ao conseguir escapar de sua prisão arbitrária, Caritat é imbuído com a missão de buscar um mundo melhor, um mundo que confirme sua crença otimista – marcando o início de sua viagem.

De Militária para Utilitária – cidade onde reinam princípios utilitaristas da maior maximização da felicidade; partindo para Comunitária – onde reinam as ideias de identidade e comunidade distintas; para Libertária – onde reinam as leis do mercado; passando também por Proletária e Igualitária, Caritat continua persistindo em sua experimentação de mundos nos quais operam contrastantes teorias filosóficas e econômicas.

Poderá existir “o” melhor mundo? Haverá alguma configuração social que se prove “a” correta? A crença otimista de Caritat é confirmada em alguma das diversas regiões por ele visitadas? Afinal, há a melhor maneira de viver?

Recheado de discussões filosóficas, Steven Lukes proporciona a experimentação de uma busca que, acredito, gostaríamos de saber a resposta principal. Com um humor inteligente e perspicaz, Caritat apresenta-nos dilemas que permeiam a existência de maneira descomplicada, sem perder a profundidade.

“A curiosa iluminação do professor Caritat: uma comédia de ideias”, por Steven Lukes, Rio de Janeiro, Editora Revan, 2000.

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