“The Wild Irish Girl”, Sydney Owenson, Lady Morgan

Por Naiara Cristina de Souza Mello

Horatio é um filho mimado, que desperdiça o dinheiro do pai com bebidas, prostituição e festas, negligenciando seus estudos. Como forma de puni-lo, seu pai, o Visconde de M———, decide banir Horatio para uma de suas propriedades no Nordeste da costa irlandesa, Connacht. A propriedade pertence à família de Horatio desde a  Conquista de Crownwell na Irlanda, evento traumático que causou perdas inestimáveis à Irlanda.

O caráter epistolar no início e fim do romance dá a possibilidade do leitor de entender o ponto de vista pessoal e íntimo, visto que as cartas eram vistas como uma das representações mais íntimas de uma pessoa. Horatio chega a Irlanda carregado de preconceitos, sempre reclamando de qualquer coisa, ainda que mais agradável do que possa parecer. Até que ele conhece o Príncipe de Inismore e sua inteligente filha Glorvina. O meio do enredo é narrado por uma terceira pessoa que, juntamente com as notas de rodapé da autora descreve e ambienta o leitor para os contextos culturais e políticos.

O romance foi publicado no início do século XIX, em 1803, e consagrou  Sydney Owenson, mais conhecida como Lady Morgan, como grande escritora. Sua origem irlandesa sobressai ao descrever as paisagens e elementos culturais políticos exaltando a beleza de uma nação que viveu conflitos marcantes e, até hoje, é alvo de preconceito. Owenson também possuía nacionalidade inglesa, sonhava que as duas nações que tanto amava pudessem encontrar um elo que as unisse e que suas diferenças culturais fossem abraçadas em prol de um bem maior. Vemos seus apelos ao decorrer do enredo onde Horatio finalmente vence seus preconceitos postos como uma barreira para respeitar e amar a Irlanda e seus conterrâneos, assim como Glorvina. A união dos jovens é a representação de Owenson de seu mais profundo desejo de ver, mesmo que num futuro distante, as duas nações unidas pacificamente.

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