Por Júlia Hurel
O documentário “O Dilema das Redes” aborda de forma intrigante como o poder de manipulação está presente nas redes sociais e aplicativos que usamos no nosso cotidiano. Na era digital, as tecnologias de comunicação vêm avançando assustadoramente rápido e, com elas, também novas maneiras de controle a partir da massiva coleta de dados por essas empresas virtuais.
Dessa forma, o longa-metragem traz questionamentos acerca de quais seriam os limites para essa vigilância ao mesmo tempo que alerta sobre os perigos que essa “triagem” de dados pessoais pode causar aos usuários tanto individualmente quanto no âmbito coletivo. Isso torna-se bastante preocupante quando analisamos que o conteúdo publicitário recomendado para nós está de acordo com os nossos interesses. Porém, como essas redes e aplicativos reconhecem exatamente o que eu quero?
Nessa perspectiva, tudo não passa de uma estratégia de marketing que visa apenas o lucro em cima dos consumidores e potenciais clientes. Assim, alimentando a ideia de que todos nós somos produtos e nossos dados são o que há de mais valioso no modelo de negócios das empresas de tecnologia. Isso fica claro quando o documentário traz também entrevistas com ex-funcionários de gigantes empresas desse ramo que explicam como funcionam os algoritmos: “Tudo o que já fizemos, todos os cliques, os vídeos que assistimos, as curtidas, tudo isso ajuda a moldar um modelo cada vez mais fiel. Assim que esse modelo é criado, é possível prever um padrão de comportamento” – afirma um dos entrevistados.
Além disso, a obra apresenta a opinião de profissionais da área da psicologia, os quais expressam preocupação com a dependência das pessoas por estarem conectadas o tempo todo às redes, sobretudo os adolescentes. Eles afirmam também que isso pode estar diretamente relacionado ao aumento dos casos de ansiedade nessa faixa etária. Assim, esse algoritmo trabalha à base da exploração da vulnerabilidade do psicológico humano, apresentando conteúdos que atraiam o seu interesse e recomendando o que você quer assistir para que seja cada vez mais difícil se desconectar.
Por fim, apesar do teor um pouco sensacionalista, o documentário cumpre o seu papel de conscientização e alerta acerca das estratégias disfarçadas das grandes empresas tecnológicas. É importante estar atento às manobras virtuais das redes sociais que utilizamos indiscriminadamente. Portanto, considero uma boa fonte de informação e de entretenimento, visto que também nos faz refletir sobre o quanto e com quem queremos compartilhar nossos dados na internet hoje.