“As Nuvens”, Aristófanes 

Por Wagner Nunes Moraes 

Aristófanes é considerado o primeiro autor de comédia do teatro grego. As Nuvens foi representada pela primeira vez na cidade de Atenas em 423 a.C. Essa comédia grega ganhou o terceiro lugar no concurso dramático em que foi encenada. Para Aristófanes, essa é a sua melhor peça de comédia, tanto que na reescrita de As Nuvens, fez questão de falar da injustiça do júri por não ter lhe dado o prêmio de primeiro lugar na primeira vez que foi apresentada. O dramaturgo escreve essa peça, claramente, contra os sofistas, mas acaba cometendo um erro ao colocar Sócrates como se fosse um deles.

A peça começa com o personagem principal, Estrepsíades, preocupado com as dívidas que arrumou, pois elas seriam cobradas num tribunal da cidade. Estrepsíades tem a ideia de mandar o filho, Fidípides, para estudar com Sócrates a arte da retórica, pois ele foi o responsável por grande parte da dívida do pai. Estrepsíades acredita que dessa forma o filho poderia livrá-lo da dívida através de grandes argumentos que mostram que seria errada a cobrança da pendência.

Depois de negar o pedido, Fidípides aceita e vai ter aulas com Sócrates. Sócrates aparece pendurado no teto, refletido sobre inúmeros temas sem sentido. O filósofo propõe um teste para aceitar Fidípides como aluno, mas conclui que ele é burro e que não há como ensiná-lo. Depois de Fidípides implorar, Sócrates finalmente o aceita. Depois de passar alguns conhecimentos para o seu novo aluno, o filósofo percebe que Fidípides entende tudo de maneira errada e desiste de ensiná-lo.

Estrepsíades leva o filho de volta a Sócrates e pede para o filho aprender apenas como livrá-lo da dívida. Sócrates pergunta ao pai se quer que ele ensine o argumento melhor ou o pior. Estrepsíades escolhe o pior e o filósofo pede para que o pai retorne depois de alguns dias. O filho volta para casa, e como tem um pedido negado pelo pai, ele o espanca e usa a arte da argumentação para mostrar que ele é um criminoso por não querer pagar a dívida que tem. 

Estrepsíades volta à escola de Sócrates e faz algo impensável como vingança… Aristófanes usa a peça para criticar o jeito e os métodos pedagógicos dos sofistas da época, além de utilizar Sócrates como se fosse o principal responsável dessa decadência. Essa é uma das melhores peças de Aristófanes e vale muito a pena ser lida para entender melhor como algumas pessoas viam a imagem dos sofistas.

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