Resenha do documentário “What the Health” de Kip Andersen e Keegan Kuhn

Por Julia Hurel

O documentário “What the Health” aborda a questão do aumento exponencial do consumo de carne processada nos dias atuais, procurando estabelecer relações entre esse evento e o desenvolvimento de doenças crônicas – como o câncer em piores casos. O próprio título faz um trocadilho em inglês com uma expressão muito famosa na língua – “What the hell?” e em tradução livre para o português  seria “Que diabos?”; que ficou “Que saúde é essa?” (trad. livre) no nome da obra.

Desse modo, o longa-metragem desperta uma série de questionamentos acerca de qual saúde achamos que temos no momento, mostrando a opinião de médicos e pesquisadores pró-vegetarianismo, o que ao meu ver foi realizado de forma um pouco tendenciosa, já que deixa a parecer que seria a única “salvação”: o estilo de vida vegano é mostrado com relatos de pessoas que se sentiram melhores com apenas duas semanas de mudança na alimentação, quase como algo milagroso (e sensacionalista).

Entretanto, além de apresentar o veganismo como uma solução, o documentário também questiona as organizações envolvidas nessa indústria de alimentos processados em relação  à ocultação de informações aos consumidores de alimentos de origem animal. Logo, o objetivo também é expor a corrupção do governo e das grandes empresas estadunidenses em especial, que estão lucrando em cima da população sem se importar com os riscos para a saúde de milhões de pessoas. Essa estrutura mercadológica estabelece uma relação direta com as doenças e a indústria farmacêutica, as produtoras de carne são patrocinadoras das mais diversas áreas, o que faz com que esse tipo de informação não seja amplamente divulgada, para evitar prejuízos ou perda de patrocínios.

Nesse sentido, para mim fica claro que o longa-metragem adquire um tom alarmista mas bastante necessário, que inclusive me fez refletir sobre o que eu como no dia a dia. Depois de assistir, agora fico pensando sobre tudo que eu vou ingerir e se eu deveria também reduzir o meu consumo de carne processada e outros alimentos industrializados. Porém, é importante pensar que o problema não está só nisso e também no excesso. Em uma das aulas de fisiologia esse ano, lembro do professor dizer que até água pode matar: acredito que existe um limite saudável para tudo. 

Por fim, o documentário consegue cumprir o seu papel de conscientização e alerta acerca das estratégias enganosas de grandes corporações alimentícias – que não estão restritas apenas aos Estados Unidos. Como a obra visa defender um ponto de vista, devemos sempre possuir um olhar crítico, pois é importante também estar atento à veracidade e procedência de todo tipo de informações, para evitar cair nas armadilhas de meias-verdades e “fake news”.

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