Resenha do documentário “O Dilema das Redes” de Jeff Orlowski

Por Matheus Rodrigues

Desde a Primeira Revolução Industrial no século XIX, notamos uma grande mudança na coercitividade humana, onde a tecnologia onde deveria ser uma ferramenta de auxílio, se tornou essencial para nosso desenvolvimento. Nesse sentido, podemos notar o fator que o conhecimento adquirido é ampliado de maneira exponencial em relação ao meio tecnológico. Dessa forma, o ser humano poderia ajudar e sanar a maioria dos problemas da sociedade com o aumento tecnológico, sejam econômicos, educacionais, de saúde, segurança, informação, transporte. Porém, como uma faca de dois gumes a globalização e a industrialização em massa acabam sendo utilizadas de maneiras gananciosas para lucro de grandes empresas em troca da sanidade mental da população.

Em primeiro lugar é válido ressaltar, que o documentário expõe pensamentos e estratégias de autoridades no assunto no ramo da tecnologia da informação, um mercado o qual está crescendo cada vez mais, e no Brasil, por exemplo, nesse ano, tivemos um aumento de 600% na área, era uma das minhas prováveis escolhas de formação, antes da odontologia e cheguei a estudar bastante na área, cerca de 4 anos, o mundo está dependente dessa evolução e qualquer multinacional precisa de profissionais, os quais não foram suficientes para o mercado no “boom informático”. Nesse contexto, as próprias mentes por trás desse processo, expõe o incômodo e a situação de ser refém de um smartphone, de um aplicativo, de redes sociais, da internet! E isso é muito importante, pois vemos que eles também sofrem com suas famílias e amigos, ninguém está imune, nosso sistema de recompensa acaba percebendo essa interação como algo prazeroso, o qual estimula nossos níveis de dopamina e essa hiper dependência, pode ser vista como um vício, o qual chamamos de nomofobia, que seria a aversão à falta de tecnologia. Dessa forma, notamos que nossos colegas, amigos, familiares, o mundo, na verdade, sofre com isso, eu sofro com isso e admito, consegui reduzir bastante o uso, porém, sou extremamente namofobico.

Em segundo lugar, percebo que quanto mais luto para ficar sem, mas percebo que essa abstinência me corrói e que necessito disso para viver, pois, as informações globais que recebo, o contato com familiares distantes por longitude ou falta de tempo de vê-los, tudo isso é um tesouro tão imensurável e que hoje é tão visto como normal, acaba que essa normalização tira a importância dos momentos para alguns, e acaba virando uma rotina de informatização, eu sofro longe de minha namorada a semana inteira, e ler um ” bom dia, meu amor” transforma meu dia, me deixa pronto para lutar mais uma vez com os problemas do cotidiano. Entretanto, e aí? Será que estou vivendo num mundo de ilusões? Na Matrix? Pois, fico dependente desse âmbito cibernético. Será que não seria melhor eu visitar os parentes distantes e arrumar o menor tempo que fosse para ver os próximos? E minha namorada, nesse caso, não tem solução, não sou casado ainda, infelizmente, então, vejo ela poucas vezes, consequentemente, tenho que me contentar com as mensagens do WhatsApp. Nesse aspecto, espero ser entendido, não é um julgamento ao povo nomofobico, é apenas uma crítica construtiva, o que pudermos fazer pessoalmente, vamos fazer pessoalmente, que esqueçamos o mundo virtual naquele momento de lazer, e que saibamos utilizar essa ferramenta para momentos de necessária congruência. 

Rebuscando uma finalização desse desenvolvimento, fica meu pensamento, talvez, o clímax dessa resenha tenha se passado, mas, essa informação, além de óbvia, não deixa de ter sua importância, estamos cercados pelo amanhã e o amanhã nos incomoda todos os dias, o amanhã, nada mais seria que o processo de evolução, meio paradoxal, pois não é mais do homem, e sim das máquinas, e esse amanhã nos faz levantar da cama todos os dias com a ansiedade de permear um futuro em busca de atingir nossos objetivos. Mas, são tantas Máscaras cibernéticas, que a incógnita da nossa alma começa a pensar a curto prazo e surgem as comparações indesejáveis ” porque ainda não atingi meus objetivos e como essas pessoas possuem uma vida tão perfeita?”. Não sou hipócrita, foram inúmeras vezes as quais senti isso, e se você disser que não, parabéns, você é uma pessoa muito equilibrada ou apenas um bom mentiroso. Ou seja, do que adianta? Postar tantos stories, mostrar o bom da vida e tentar replicar algo para seus seguidores, dando uma ênfase ” sou feliz e tenho uma boa vida” enquanto escondemos nossos desgostos e amarguras nas asas de um ontem remoído, mas digo aos meus amigos, que não fiquem abalados com essa história, pois nessa nossa dança de sucessão entre depressão e ansiedade, geramos o fogo que move o mercado de lucro com propaganda e publicidade!

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