“O Fantasma da Meia-Noite”, Sidney Sheldon

Por Raquel Martins

A história que acompanhamos nesse livro é, a meu ver, primordialmente, empolgante. Narrado em terceira pessoa, porém com o ponto de vista das crianças protagonistas, O fantasma da meia noite nos conta como um apartamento incrível pode, na verdade, ser um lugar assustador. Quando o pai de Kenji e Misue anuncia que irão se mudar do Japão para os Estados Unidos, o irmão e irmã ficam empolgadíssimos, pois querem muito conhecer outro país. Ao chegarem no novo lugar que irão morar, junto com o pai e a mãe, o garoto de 14 anos, Kenji, e a pequena de 11 anos, Misue, se deparam com um local totalmente diferente e ao mesmo tempo tão semelhante – pois descobrem que seu amado McDonald está nos EUA também. E até então tudo parecia sensacional, mas as coisas começam a mudar bem rápido.

Na busca por um teto para sua família, a mãe encontra um lugar que parece até um sonho. Um lindo e completo apartamento localizado em um excelente endereço e por um preço inacreditável. Claro que logo a família aceita pagar
pela moradia, afinal, onde mais encontrariam um espaço tão bacana por um valor tão em conta? E é exatamente por pensarem nisso que o pai e a mãe de Kenji e Misue não demoram a se mudarem com as crianças para o apartamento.

Contudo, na mesma noite em que se mudam, a pequena Misue começa a escutar uns barulhos estranhos e de repente, ela se depara com um fantasma, no meio de seu quarto, usando um vestido branco todo cheio de sangue. Misue corre para o quarto do irmão mais velho que de primeira não acredita nela, até, é claro, presenciar a criatura fantasmagórica que está assombrando o novo lar de sua família, porém, o fantasma nada faz além de pedir por ajuda e isso intriga os novos jovens moradores.

É nessa jornada que entramos ao lermos O fantasma da meia noite, pois acompanhamos a grande – e arriscada – aventura pela qual Misue e Kenji passam enquanto investigam quem é a aquele fantasma e o que ele precisa já que pede tanto por ajuda. E conforme a narrativa avança, vemos tanto Misue quanto Kenji se equilibrarem entre seus momentos de caça fantasmas e também de adaptação não apenas no novo país, mas na nova escola que estão estudando.

Tanto ele quanto ela precisam se concentrar em aprender inglês, praticar algum esporte ou outra atividade extra curricular, fazer amizades e ainda por cima encontrar uma maneira de se livrarem do tal fantasma e, tudo isso, sem contar aos pais pelo o que estão passando, afinal, os adultos não acreditariam que há um fantasma por aí assombrando as crianças.

Com uma narrativa de fácil leitura, e detalhada em apenas alguns momentos, Sidney Sheldon conta uma história que agrada a todos os públicos. Os personagens que ele constrói são cativantes e fáceis de se apegar, com jeitinhos únicos e impactantes. Além disso, ao chegar na finalização da história, Sidney nos entrega o verdadeiro plot principal da história antes que os protagonistas descubram, logo, já sabemos toda a verdade quando finalmente Kenji e Misue conseguem entender tudo o que os está cercando, portanto, há uma tensão final que torna o livro muito mais dinâmico e também até mais interessante para pessoas que não estejam dentro do grupo para o qual o infanto-juvenil é voltado.

Pois, sim, apesar de ser um suspense, a história que Sidney conta tem muito mais ligação com leitores que estão entre seus 10 e 15 anos do que com jovens adultos. O enredo, mesmo que englobe adultos como o pai e a mãe das crianças, seus professores e até outros moradores do prédio; ele majoritariamente está focado no dia a dia de Kenji e Misue, logo, vemos o que acontece com uma pré-adolescente e um adolescente que estão em fase de crescimento e de novas descobertas, além disso, apesar da presença do fantasma e do mistério que o cerca, o conteúdo a respeito é bastante leve e bem direto, sem ser assustador e por isso a sensação que a história traz é a de que Sidney escreveu esse livro com o pensamento nos leitores mais jovenzinhos.

O final, é claro, é muito coeso e até dá um frio na barriga, pois parece que tudo irá dar errado, mas no fim das contas é o oposto e felizmente Kenji e Misue saem vencedores em sua missão. Após as páginas finais da aventura do irmão
e irmã, a família se muda mais uma vez para um novo apartamento e nos últimos suspiros da história vemos uma cena que dá a entender que Kenji e Misue terão uma nova missão – e dessa vez sua mãe e seu pai certamente lhe darão mais crédito quanto as questões sobrenaturais.

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