Por Júlia Hurel
O documentário “Pandemia” realiza uma abordagem reflexiva e também um pouco alarmista acerca das doenças que acometem a população humana e a forma como elas vêm nos acompanhando desde os primórdios da humanidade. Algumas enfermidades estão presentes por milênios na nossa espécie, um exemplo delas é a tuberculose – há indícios de manifestações no Egito antigo pela análise de múmias encontradas em sítios arqueológicos. Dessa forma, discute-se o futuro e a maneira como tudo pode se tornar um verdadeiro pesadelo com a iminente ameaça de patógenos cada vez mais perigosos e resistentes.
Ao decorrer do longa-metragem, nos deparamos com diversas situações reais de pandemias que ocorreram ao longo dos séculos – e dizimaram uma grande parcela de pessoas – que foram, em sua maioria, controladas pelo avanço da medicina e da saúde, enquanto outras ainda virão a ocorrer e não temos como prever quando. Entretanto, a impressão passada pelo documentário foi de um enfoque um tanto pessimista, pois parece prevalecer um teor desesperançoso com frases ditas como: “Os vírus serão, afinal, o grande carrasco da humanidade?” ou “O fim está próximo, podemos nos salvar?”.
Nessa perspectiva, acredito que talvez a mensagem fosse melhor transmitida por uma ótica realista, porém sem o caráter definitivo de extinção inevitável que a obra audiovisual proporcionou. Ademais, o filme também levanta questionamentos bastante interessantes sobre como aprendemos a lidar com a transmissão de doenças ao longo da história. Quando ocorreu o surto de Influenza (H1N1) no Brasil, eu estava no ensino fundamental e não entendia muito bem o porquê de eu não poder ir a aula, por que deveríamos ficar em casa? Hoje em dia, entendo a necessidade da realização do distanciamento social para a diminuição do contágio e como foi crucial para o controle dessa gripe.
Agora, com a pandemia do COVID-19, muitas reflexões vieram à tona, já que milhares perderam entes queridos e amigos, de forma tão repentina, que relembrou-me do começo de tudo isso, quando achávamos que seria talvez uma doença passageira e que nem chegaria ao Brasil, afinal, estava no outro lado do mundo. Assim, o documentário também pontua um certo individualismo dos países, no modo em que só passam a se preocupar com o vírus quando atinge sua própria nação, transmitindo uma ideia de silêncio e indiferença.
Por fim, o longa-metragem consegue expor todas as questões que afligem a nós, seres humanos, pelo fato do futuro ser incerto. Mesmo utilizando de uma estratégia um pouco alarmista, cumpre o seu papel de informar e levantar questionamentos por parte dos telespectadores e isso é extremamente relevante para a formação de um senso crítico. Portanto, estaríamos nós contribuindo para o nosso fim?