Por Júlia Hurel
Ao decorrer do documentário “SICKO – SOS Saúde” são apresentados 5 (cinco) Sistemas de Saúde distintos que foram adotados pelos seguintes países: Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, França e Cuba. O longa metragem inicia-se com a denúncia da realidade estadunidense no que diz respeito à área de saúde, pois afirma que existem cerca de 50 milhões de cidadãos sem seguro de saúde no país e, mesmo os que possuem, continuam sem receber os tratamentos adequados e são recusados medicamentos extremamente caros por conta das políticas antiéticas das empresas em questão.
O Sistema de Saúde dos EUA é privado, portanto, não há hospitais públicos para atender à população, já que o controle não é do poder público e sim das empresas privadas, ou seja, o mercado é quem regula as ações e os serviços de saúde. Assim, cobram o preço que quiserem pelos planos e procuram qualquer mínima brecha para não pagar os procedimentos, culpabilizando o cidadão por doenças preexistentes. Dentre os entrevistados, um casal desempregado afirma que contraiu inúmeras dívidas, mesmo possuindo um seguro, visto que a organização recusou os remédios necessários para o tratamento de câncer da esposa, então, eles mesmos tiveram que arcar com os custos e por isso, não conseguiriam mais pagar o aluguel da casa. Uma mulher também expõe que foi recusada pela empresa de seguro por ter tido uma doença venérea no passado, evidenciando como realmente ocorre uma pesquisa meticulosa do histórico clínico do cliente.
Além desses relatos, um que foi bastante forte, é o de uma mulher que perdeu o marido porque a cirurgia de transplante que poderia salvar a vida dele foi recusada pelo plano de saúde, não houve justificativa alguma e já era tarde demais. O mais chocante é a falta de empatia, pois muitas vezes esses cancelamentos são assinados sem nem mesmo serem lidos pelo superior encarregado. Ademais, muitas doenças crônicas, como a AIDS e a diabetes, não possuem os tratamentos ou medicamentos incluídos no seguro, justamente por requererem grande custeamento. Logo, é possível observar que essas companhias visam o lucro acima da vida dos cidadãos. Fica então o questionamento: quantos morreram por conta disso?
O documentário prossegue e faz uma análise acerca da universalização da saúde no Canadá, local em que se tem atendimento médico e medicamentos de forma gratuita. O Sistema de Saúde do Canadá é público e permite que a pessoa seja atendida por quem ela escolhe. Ao contrário dos Estados Unidos, lá tudo é disponibilizado pelo governo, não existe a negação de tratamento ou operação. Os canadenses entrevistados encontraram-se perplexos ao ouvir sobre como o Sistema de Saúde dos Estados Unidos funciona e que é necessário pagar pelo seguro de saúde.
Já na Inglaterra, o Sistema de Saúde do país é público e universal com alguns diferenciais. O entrevistador se surpreende ao ser informado que lá os médicos recebem gratificações em razão do êxito e melhora nos tratamentos de seus pacientes, ou seja, recebem incentivos quando conseguem evitar o adoecimento. Ao entrevistar um jovem médico britânico acerca do seu padrão de vida, o clínico geral afirma que é possível viver de forma confortável, porém, sem ostentação, como ocorre nos países mais comercializados e com natureza em sua maioria privada, em que médicos possuem vários carros de luxo na garagem.
No decorrer do documentário ainda presenciamos o Sistema de Saúde da França, que conta com serviço médico domiciliar, oferecendo pessoas capacitadas para ajudar as famílias em suas casas com a assistência necessária. E também de Cuba, onde o sistema é socialista e público, com serviços médicos universais, solidários e gratuitos, a oferta é equânime, todos têm acesso à educação, saúde, esporte e lazer.
Por fim, é possível fazer uma reflexão sobre as diferentes abordagens de saúde dependendo de cada país e, assim, podemos também comparar ao nosso SUS (Sistema Único de Saúde), o qual possui três princípios: universalidade, integralidade e equidade no acesso à saúde. Apesar de fortemente criticado e precisar de muitas melhorias, é uma enorme conquista para a nação brasileira, portanto, é preciso valorizar nosso sistema universal, para que não ocorra a privatização de serviços essenciais como a manutenção da vida.