Por Laura Castello Branco
Publicado em 1818, um ano após sua morte, “Persuasão” é o último romance de Jane Austen. O livro é relacionado a outro da mesma autora, “Northanger Abbey”. Ambas as histórias se passam em Bath, e foram, originalmente, editoradas juntas. A obra destaca-se pela escrita amadurecida e por sua protagonista, que é mais velha do que as demais de Austen.
“Persuasão” conta a história de uma segunda chance entre Anne Elliot e o capitão Frederick Wentworth, com quem ela havia sido persuadida a não se casar, por causa de sua posição inferior e instabilidade na profissão. Oito anos depois, Wentworth retorna das Guerras Napoleônicas, com dinheiro e a aceitação social devido a nova patente naval. Ele agora é um pretendente elegível, tolerável para o pai arrogante de Anne e seu círculo, e ambos descobrem a força contínua de seu amor. “Nunca amei ninguém, senão você. Posso ter sido injusto, e fui fraco e ressentido, mas nunca inconstante.”
Assim como obras anteriores de Austen, o tema da rigidez e mobilidade de classe social é proeminente. Enquanto que, entende a tradição e respeita a estrutura social de seu tempo, a história do livro nos leva a considerar e examinar até que ponto a mesma pode ser subvertida. Anne Elliot, apesar de ser repreendida por egoistamente quebrar essas regras, também é retratada de forma compassível, fazendo com que os leitores torçam para o casal protagonista, embora suas classes sociais sejam diferentes.
Como característica da autora, o título do livro também é uma de suas principais questões; a persuasão. O romance continuamente questiona se o melhor é se manter firme nas próprias convicções ou se abrir às recomendações dos outros. Ao mesmo tempo em que Anne preza pelo senso de dever, e aceita suas obrigações sociais, Frederick presumi que se casará com uma mulher independente, e valoriza um caráter resoluto. Sem nunca chegar a uma conclusão, Austen deixa o leitor decidir sua própria perspectiva. “Há casos em que um conselho pode ser tanto bom quanto mau – dependerá dos acontecimentos.”
A simplicidade da escrita de Austen, combinada a intensidade que é capaz de transmitir, fazem com que “Persuasão” seja um livro emocionante. No qual o leitor anseia pelo encontro dos protagonistas, e simpatiza com o entendimento de ambos.