Vestígios na Cidade

Por Bruna Acosta

Te vejo mas não te enxergo

Sinto sua falta mas você está ao meu lado

Não sei como é admitir que está tudo acabado

Você chegou com uma arma na nossa luta de facas

e me assistiu sangrar em silêncio todo esse tempo 

Esse é o momento que usamos preto e lamentamos pelo que não vai ser e por tudo que não vamos ter 

assim como o que não poderemos viver 

Mas os fragmentos do nosso amor estão espalhadas pela cidade 

Apenas vejo você levá-las em todos os lugares que te apresentei 

Olho para você e não reconheço nem a metade

Me diz agora quem é você 

Você tem que se encontrar e se entender

antes de me querer 

A insanidade beira nossa casa 

que antes era um lar cheio, agora é piscina rasa

Foi assim que decidir partir 

Acredite, não queria ir, nem me despedir

mas a única coisa que poderia me impedir

é você, e a esperança de voltar 

de recomeçar, reinventar

Porém é tão triste quando vejo tudo claramente

enquanto você, inconsequente

não consegue um palmo a sua frente enxergar

Talvez agora o melhor é se afastar

após um casamento planejar 

Volto sozinha olhando pela janela do ônibus ouvindo as mensagens que enviou 

pensando que talvez, é a hora de mudar 

Tudo já mudou

A vida já andou

Já estamos longe demais de onde tudo começou 

Sorrio cansada após todas as tragédias

porque é o momento de minha vida tomar as rédeas

“Vestígios na Cidade” faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)

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