Por Raquel Martins
“Court”, cujo título para o Brasil veio como “Sedução”, é o quarto livro da série “Crave” e a partir dele acompanhamos Grace, Hudson, Jaxon e seus amigos em uma empreitada bastante perigosa e completamente incerta. O grupo busca uma ajuda que parece não existir, apesar de evidências que provam o oposto, além de ter que lidar com o luto por suas perdas inestimáveis.
Grace, como a protagonista brilhante e bastante empática que é, passa por mais desafios do que ela poderia sequer imaginar algum dia e, apesar de a todo instante parecer nunca saber o que fazer, ela se mantém bastante firme em suas convicções quanto a optar pelo caminho mais racional que se apresenta diante de suas limitadas opções, ao passo que seus amigos parecem cada vez mais propensos a fazer escolhas nem um pouco inteligentes.
Com tudo isso, ainda há bastante tensão entre Grace e seus companheiros devido às pessoas que se sacrificaram em prol da luta que Grace estabeleceu quando precisou se rebelar contra Cyrus, o pai de seu namorado — e também de seu ex-namorado — a fim de acabar com o governo tirano do mesmo. Devido a isso, enquanto correm atrás da corte escondida de Grace e das respostas para o uso de uma coroa poderosa em meio a essa guerra, o grupo precisa equilibrar seus sentimentos para que não cometam injustiças e acabem se desmantelando à toa.
O enredo gira basicamente em torno desses pontos e, apesar de Tracy Wolff ter até então conseguido manter um ritmo viciante em sua escrita e na maneira como narrava os fatos, em “Sedução” ela deixou a desejar, pois acrescentou detalhes à história que não eram necessários. Ela descreveu cenários com uma delonga que teriam economizado o tempo do leitor, e que ela poderia ter investido melhor nos diálogos entre os personagens, considerando que a maior parte do livro são os pensamentos de Grace que constantemente se voltam para os mesmos assuntos e isso torna a leitura bastante cansativa.
Além disso, neste livro, todo o protagonismo que tinha sido dado a Hudson até então parece ter sido minimizado para que outros personagens, nem tão relevantes para a história, tivessem algum espaço. Além disso, personagens marcantes que haviam aparecido nos livros anteriores não tiveram muito tempo para serem apreciados pelo leitor, assim como seus relacionamentos com Grace, que estabeleceu pontes em todos os lugares por onde passou, não foram aprofundados.
Mas, apesar desses pequenos deslizes da autora, que até podem ter custado um pouco da vontade de alguns leitores de ler os dois livros seguintes da série, ela conseguiu acertar mais uma vez tanto nas reviravoltas mirabolantes quanto na conclusão da história. Ao entregar um final extremamente satisfatório, com quase todas as pontas soltas amarradas, Tracy Wolff soube com maestria deixar um gostinho de ‘quero mais’ no leitor, principalmente ao revelar, nos últimos parágrafos, que no quinto livro um dos maiores mistérios da série seria, enfim, revelado.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)