Por Julliana de Amorim
Como se dá o início da existência do Homo sapiens na Terra? Como a espécie conseguiu se destacar diante das outras e se tornar dominante com tão poucos recursos e habilidades? Como desenvolveu suas habilidades tão rápida e eficientemente a ponto de conseguir confundir a seleção natural e pressupor um futuro quase que distópico? São estas algumas das muitas questões que o livro “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade” nos apresenta e busca responder. Com uma linguagem fluida, agradável e com alguns toques de humor, o autor israelense Yuval Noah Harari discorre sobre temas complexos que geralmente são limitados a nichos acadêmicos.
O livro é dividido em três partes correspondentes às três revoluções realizadas pelo Homo sapiens desde seu surgimento: Revoluções Cognitiva, Agrícola e Científica. Com isso podemos ter uma noção de como as habilidades de memorização, abstração e criação de mitos que nós Homo sapiens possuímos nos diferenciaram de outras espécies; como a simples ideia inicial de nos instalarmos num ambiente, cessar o nomadismo, e começar a plantar nosso próprio alimento nos deu a possibilidade de aumentar progressivamente nossa população; e por fim, durante a chamada Revolução Científica que ainda segue em curso, onde uma parcela dos seres humanos não precisa mais se preocupar com o que comer, mas sim com quais serão as próximas grandes descobertas científicas do século.
Observei que o autor não se preocupa em falar abertamente sobre questões polêmicas, é clara a tentativa de parecer imparcial e mostrar todos os “lados” de um debate, porém em alguns momentos a imparcialidade falhou e o autor expressou algumas ideias próprias no que diz respeito ao cristianismo, veganismo e, principalmente, sobre imperialismo. A meu ver, como brasileira, as questões que o autor levanta sobre colonização e imperialismo beiram o superficial e ignoram a realidade de países menos desenvolvidos, se atendo somente a sua própria realidade.
Finalmente, “Sapiens” se trata de uma leitura instigante que traz muitas respostas e ao mesmo tempo levanta muitas questões. Indico a leitura para aqueles que possuem a mente aberta e estão ávidos para um debate caloroso sobre de onde viemos e para onde estamos caminhando.