Por Raquel Martins
O segundo livro da série Crave, de título “Crush” em inglês e traduzido no Brasil como “Paixão” trouxe a tona mais segredos e as reviravoltas mais mirabolantes possíveis, assim como um romance arrebatador que cresce envolto em um mistério que é quase impossível de desvendar.
Depois de passar meses confinada em uma espécie de limbo sobrenatural no qual Grace ficou longe de sua família e amigos, ela retorna para Katmere sem saber explicar o que aconteceu e é nesse momento que Hudson Vega surge na vida de Grace, e ele parece ser seu maior pesadelo. Como irmão mais velho de seu namorado, Jaxon, e também o aparente responsável por um massacre que os jovens da Katmere Academy sofreram há pouco mais de um ano, Hudson se apresenta como uma pedra no sapato da protagonista, contudo, conforme o convívio forçado dos dois avança, as coisas que antes pareciam óbvias se tornam extremamente confusas e cabe a Grace descobrir a verdade.
Além disso, Grace descobre que não é uma simples humana e que na verdade é descendente de uma criatura mágica que já não se vê há mais de mil anos: uma gárgula. E para tornar tudo ainda mais intenso e desesperador para a garota, ela vê seu romance com Jaxon ruir de pouco em pouco ao passo que o relacionamento dela com o irmão mais velho dele apenas floresce. E em meio a esse turbilhão de emoções, Grace descobre que existe uma farsa por trás da ligação que acredita existir entre Jaxon e ela.
O enredo do segundo volume conseguiu fazer a história se sobressair de modo que o primeiro não conseguiu tanto e, felizmente, Tracy Wolff manteve o tom engraçado que a série parece ter como uma marca registrada. Ainda com muitas gírias e referências da cultura pop do momento, Paixão é um livro que traz uma história com um ritmo frenético. Ele sai da zona que o manteve parecido com outros livros do início dos anos 2000 e toma um rumo um tanto diferente considerando a leva de personagens e situações novas que são apresentadas para Grace e seus amigos.
Entretanto, mesmo com esses destaques que o segundo volume da série possui, ele ainda continua dentro de uma configuração semelhante à de outros livros de fantasia atuais e talvez por isso dialogue tão bem com o público jovem. O romance e as amizades desenvolvidos nessa história são bons, mas não arrebatadores; e o constante sacrifício que a protagonista tem que fazer para livrar a vida das pessoas que ama pode ser um tanto cansativo, mas felizmente para a Grace, ela sabe conquistar a simpatia do leitor então garante que a leitura seja concluída.
Mais uma vez, o final do livro possui um clímax do tipo que tira o fôlego e apesar das frases de efeito ligeiramente bregas, Tracy Wolff conseguiu mais uma vez entregar cenas impactantes na conclusão do segundo volume e, apesar de deixar brechas soltas em exagero para dar gancho para a continuação, ela sabe manter o ar de mistério bem o suficiente para que o leitor sinta vontade de ler o terceiro livro da série.