Por Daniel Paes
“O Guia do Mochileiro das Galáxias” é um romance escrito por Douglas Adams e publicado inicialmente em 1979. O livro conta a estória de Arthur Dent, um ser humano que acaba vivendo diversas aventuras no espaço após a Terra ser destruída.
Esse romance é uma das narrativas mais diferentes e dinâmicas que um leitor pode presenciar durante sua vida. É uma aventura despretensiosa, divertida e que ainda consegue tecer críticas e questionamentos válidos para quem está lendo. É um livro muito louco, cheio de conceitos de ficção científica megalomaníacos e personagens excêntricos, fazendo com que a estética e o estilo dessa obra se concretize de forma muito autêntica.
“O Guia dos Mochileiros das Galáxias” é, em sua essência, uma obra de comédia e, portanto, vai variar de acordo com o gosto de cada um. Humor é algo extremamente subjetivo, fazendo com que esse livro possa ser extremamente engraçado e divertido para alguns ou extremamente sem graça e bobo para outros. Claramente é um livro que não é para todo mundo. O livro é exagerado e leva tudo às últimas consequências, mas sempre de forma proposital.
Mesmo não sendo uma experiência para todos, é notável a criatividade de Douglas Adams na hora de criar conceitos grandiosamente bizarros. De forma muito bem humorada, o autor vai construindo todo um universo rico e cheio de detalhes que parte das premissas mais toscas. Em muitos momentos você precisa entrar naquela mentalidade de criança da quinta série para apreciar de fato essa obra. E é nessa loucura que o livro vai te conduzindo. Uma viagem onde você tem que sintonizar na mesma frequência de bizarrice para de fato gostar do que está lendo. Se você conseguir, a diversão é garantida.
Apesar de toda a excentricidade que essa aventura abraça, ela não é rasa. Toda essa aparente aleatoriedade apresentada durante toda a narrativa contribui para o grande tema que a obra quer expor: a vida não tem propósito. Tudo é muito louco e caótico nesse livro porque a vida é assim. Nós ficamos tentando criar sentidos mais profundos sobre a nossa existência e o papel que temos no mundo, só que somos apenas meros indivíduos dentro de um planeta que poderia muito bem ser destruído por aliens, assim como acontece no romance. As leis do universo parecem ser tão aleatórias quanto as aventuras que Arthur Dent tem pelo espaço, presenciando diversas doideiras.
Mas de forma alguma esse livro foi feito para te tornar um niilista que deve achar que nada importa. Ao invés de simplesmente encarar a aleatoriedade do universo como algo pejorativo, Guia dos Mochileiros celebra esse lado. O fato de o mundo não ter um propósito pode ser sem graça para muitos, mas existe um certo alívio nessa afirmação. Se a vida não tem nenhum sentido, nós mesmos podemos criar os nossos próprios sentidos. É isso que Douglas Adams quer demonstrar. Podemos embarcar na loucura que é a vida fazendo aquilo que faz sentido para nós.