Por Jessica Mesquita
🚨 ALERTA: ESTE LIVRO POSSUI GATILHOS E CONTEÚDOS SENSÍVEIS COMO VIOLÊNCIA SEXUAL E PSICOLÓGICA 🚨
Minha primeira dica para quem vai ler esse livro é: respire fundo. É impossível não se indignar com o que você lerá aqui.
O livro é denso, pesado, escancarado e doído sim. Entretanto, também é uma escola: para mulheres, sim, mas principalmente para os homens. É o tipo de história que não está tão longe assim ali na curva, afinal, estamos falando de uma sociedade teocrática e patriarcal.
O segundo ponto importante aqui é que esse é um livro para quem já tem certa maturidade emocional e política. Não é um livro preto no branco. É um livro cuja maior importância está nas entrelinhas… naquilo que não foi escrito com palavras, mas com impressões, sentimentos e significado.
Você terá que passar pelas páginas com o coração e a mente abertos. Pensando muito além dos atos e das palavras, mas nos significados das ações, da estrutura, do sistema e de tudo que envolve as personagens.
E no fim, perceber que toda essa estrutura que dizia empoderar as mulheres, na verdade, não passava de uma grande falácia. Era uma estrutura que dava pequenas escolhas às pessoas, apenas para mantê-las cerceadas e sob controle. E que, enquanto as mulheres eram colocadas umas contra as outras e perderam direitos e liberdade, os homens continuaram em posições de poder e contavam com as mesmas regalias (mesmo que por trás dos panos).
Nunca se esqueça, querido leitor, de que o poder nasce de uma relação entre as pessoas. E aqueles que têm poder, só o têm porque outros os permitem ter. Abra seus olhos: no livro e na realidade.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)