Por Jully Mendes
O livro “O Café da Praia” escrito por Lucy Diamond e da Editora Arqueiro, é um romance contemporâneo que nos faz refletir a respeito de como levamos a vida: vivemos como queremos ou como as pessoas esperam que façamos? O que aconteceria se corrêssemos atrás daquele sonho que tanto queremos?
A história se passa na Inglaterra e gira em torno de Evie Flynn: a filha mais nova e ovelha negra da família. Sendo o completo oposto de suas irmãs mais velhas com carreiras e famílias de sucesso, Evie é uma mulher sonhadora que já tentou prosseguir em diversas profissões sem êxito, tendo como constantes mudanças de um emprego a outro ao longo do tempo. Evie nunca se contentou em seguir os ideais esperados pelos parentes, que sempre duvidam de sua capacidade de alcançar seus propósitos. De repente, ela recebe a notícia de que sua tia favorita faleceu e deixou de herança uma cafeteria localizada em um vilarejo no litoral. É a partir de então que Evie entra num dilema: deve continuar na cidade grande tentando prosseguir na carreira que sua família espera e se encaixar nos critérios de sucesso estabelecidos por eles ou abraçar esta oportunidade e ir atrás do que realmente deseja?
Mesmo receosa e após algumas mudanças, Evie decide ir para o litoral e trabalhar no café, por fim. Não é fácil no começo, mas mesmo assim, ela é uma pessoa determinada e que faz o melhor possível para manter o café, legado de sua tia, um sucesso.
O livro toca em importantes assuntos que devemos considerar e refletir a respeito. Desde o início do enredo, acompanhamos o peso que Evie carrega por não crer em seu potencial e a confiança afetada pelas dúvidas que sua família tem com relação ao seu progresso profissional. Esse ponto me chamou atenção pois quem nunca se sentiu afetado por alguém ter duvidado no quão bom você é em algo? Quem nunca se sentiu sufocado por alguém projetar em você ideais que não são seus desejos? Estudar um curso que não gosta porque a família quer ou trabalhar em um emprego que te deixa infeliz e entre tantas outras questões que somos forçados, constantemente, a fazer porque é o que esperam de nós. A vida é curta e não podemos gastar o pouco tempo que nos resta fazendo algo que não gostamos. Se você tem opção de ir atrás do que realmente quer, tente ir.
Outro aspecto que gostaria de destacar, ainda sobre a vida ser curta, é que não nos damos conta disso até perdemos alguém. Assim que Evie recebe a notícia do falecimento da tia, ela se questiona sobre o porquê de ter deixado passar tanto tempo sem manter o contato, sem visitá-la tantas vezes quanto antes. Creio que isto seja algo a ser refletido, principalmente nesse momento que vivemos no qual houveram tantas perdas de pessoas importantes para alguém.
Por fim, é impressionante acompanhar o desenvolvimento da Evie com o decorrer da história, ao se libertar dos ideais que queriam forçá-la a se enquadrar e tornar-se o que ela sempre quis ser: feliz, leve e trabalhar com algo que realmente gosta. A leitura é ótima, leve, flui rapidamente e permite que vejamos a vida sob outros olhos.