O mar vomitou
por João Vitor Pestana Bentes Lopes
O vento corre belo, livre e solto
Carrega o mar pesado, mar revolto
As costas do mar
Então surgem da brava correnteza
As bocas escondidas da pobreza
Vão de par em par
Flutuam aos pedaços, como entulhos
Os restos das vontades, os embrulhos
Que o mar foi cuspir
Depois fazem descanso nas areias
As rodas, os espelhos das sereias
Que o chão vai comer
As rodas já não rodam como aquelas
Tinindo sob o Sol; como as panelas
Vão enferrujar
Mas rodas sob o Sol quando enferrujam
Se encolhem para que outras rodas surjam
De dentro do mar
E o estrangeiro passa, fecha os olhos
Na praia de detritos e de escolhos
Que o tempo ancorou
Depois vai ver na sombra da sarjeta
O espelho sem valor, sem etiqueta
Que o mar vomitou
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