Por Victória Rodrigues
Em 1919, Virginia Woolf publica “Noite e dia”, romance tranquilo, com a fuga dos personagens com ideais complexos e feminilidade nada aguçada nas mulheres. Nessa obra, Woolf conta a história de dois protagonistas: Katharine Hilbery, neta de um falecido escritor de poesia, e Ralph Depham, advogado jovem com poucos recursos financeiros. O encontro de poesia, organizado por membros literários na casa de Katharine uniu os dois jovens, mas diferentemente de um romance imediato, apenas Depham passa a enxergar Katharine com outros olhos.
Katherine, por sua vez, enfrenta um dilema entre noivar com seu amigo de longa data, Rodney William ou enfrentar suas verdadeiras paixões, a matemática e astronomia. Toda sua narrativa é influente de literatura de Shakespeare e poetas jovens, como Rodney, que a almejam por perto. Paralelo a isto, Ralph deve prover o lar de sua família enquanto cumpre suas obrigações monótonas ao lado de sua amiga, Mary Datchet.
A trama está além de tais protagonistas e abrange não apenas os antagonistas, como Mary Datchet e sua busca revolucionária ao trabalho feminino, assim como a confusa obrigação do homem em privar seus sentimentos pela aparência, vivido por Rodney. Além disso, questões sociais são criticadas ao longo da obra, como a obrigação em seguir o futuro provedor do lar ao casar-se e a pressão social empregada às mulheres em expor seus sentimentos continuamente, como se fossem apenas elas, capazes e permitidas a fazê-los.
Woolf não escreveu o romance com aventuras, tragédias ou revelações surpreendentes. O livro contém uma simplicidade única e real, como o dia a dia pouco ou nada interessante de jovens do século XX que estavam com vinte e tantos anos indecisos sobre prover de seus futuros e com quem compartilhá-los. É um drama, expõe de forma real e bastante enfática as emoções e as verdadeiras preocupações que os afligiam, principalmente ao tratar de assuntos do coração.
O livro é indicado para o leitor que não busca nada além de uma viagem ao século passado na Inglaterra, com referências históricas, literárias e um passeio as ruas de Londres, e claro, uma realidade de jovens que frequentam chá e leem poesia, e aqueles amigos à parte, que estão ali por pura sociabilidade. E que vivem, todos, no fim, à procura de amor, nem sempre por alguém, mas pelo o quê. Quem sabe… Bastante viver Noite & Dia.
“— Quem sabe – exclamou Mrs. Hilbery, prosseguindo nos seus devaneios. — , quem sabe para onde vamos, ou por que, ou quem nos enviou, ou o que encontramos? Quem sabe alguma coisa, exceto que o amor é a nossa fé? Amor — cantarolou.” (Woolf, 1979, pág. 418)
A obra da inglesa, pode ser encontrada na Biblioteca da Minerva da UFRJ e no site em: <https://minerva.ufrj.br/F/G9UJR9K5D3B7XK8LGCCM5BS5RG857GKYCPYDDE1PTCJPJNS1AS-00630?func=full-set-set&set_number=005463&set_entry=000001&format=000732980>