“Me Chame Pelo Seu Nome”, André Aciman

Por Raquel de Jesus Pereira Figueiredo

“Me Chame Pelo Seu Nome” é um romance LGBTQIA+ o qual traz o “coming of age”, a chegada da maturidade, como ponto principal da história. Elio, o personagem principal, se descobre e por meio de uma paixão avassaladora, descobre o seu próprio mundo. E o experimenta ativamente pela primeira vez.  
 
Filho de um professor universitário, criado para saber dos livros e músicas clássicas, Elio observa o mundo com cinismo. Mas, aos poucos, ele se permite. Esses primeiros passos são o recurso usado pelo escritor como forma de trazer o leitor a participar dessa experimentação de mundo por uma primeira vez, talvez, ou relembrar do que se foi.  
 
O livro, por si só, é experiência sensorial a qual vai moldando o leitor a ver as coisas sob a perspectiva de Elio, ouvir como Elio, ler como o Elio, cheirar o que o Elio cheira e o mais importante de tudo, sentir como Elio sente. As camadas do personagem que vão sendo apresentadas e nos faz mergulhar na narrativa são propositais. Você coloca a ponta do seu pé na possível desenrolar de um amor de verão que aconteceu numa cidadezinha da Itália e termina com uma história que te marca pra sempre. 
 
Nessa resenha, poderia descrever sem cansar as melhores características deste livro. Dentre elas, a ambientação do verão na Itália (um clichê alçado à luz de alguém que parece conhecer profundamente o local descrito), a simbologia colocada em pitadas, se pensarmos no conceito de “devir” do Heráclito, filósofo o qual Oliver estudava, as figuras de linguagem em momentos inesperados, as reflexões inacabáveis de Elio. Além disso, o fato de que em certo momento os dias vividos por eles se torna quase que um terceiro personagem principal. André Aciman, em toda a sua eloquência poética, consegue trazer o leitor à um êxtase literário.  
 
Perceber as vezes que é tudo sobre o Elio e em vários momentos do livro como ele se sente sobre o Oliver é mais importante que qualquer real sentimento compartilhado. A maneira como sentimos mais como o Elio sentiu e ainda existe as possibilidades da perspectiva do Oliver. 
 
Para quem assistiu ao filme antes, pode ser um pouco diferente por conta do final. Mas a quem não leu e nem assistiu, recomendo que o faça sem medo de garantir mais um favorito para a sua estante. Por isso, não conseguiria dar menos de 4 estrelinhas.  
 
4,5⭐️ 

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