Por Laís Rodrigues
O primeiro livro da trilogia “Jogos Vorazes” da autora Suzanne Collins conta a história do povo de Panem, uma nação formada após uma série de catástrofes naturais que devastaram o mundo. Assim, Panem passa a ser controlada por um governo forte denominado como Capital. Desse modo, surgiram os Jogos Vorazes, uma batalha anual televisionada onde os escolhidos devem exercer uma luta até a morte em uma arena. Para a participação dos jogos, é realizada uma “colheita” na qual jovens de 12 a 18 anos são sorteados, um menino e uma menina de cada distrito.
A personagem principal do livro é Katniss Everdeen, uma menina pobre do Distrito 12 que mora com a sua mãe e irmã e ajuda no sustento da casa, com seu par romântico inicial Gale, que constantemente caça ao seu lado. Porém, quando Prim, a irmã de 12 anos de Katniss, é sorteada para os jogos, ela não vê alternativa a não ser se oferecer para ir no lugar da irmã, algo que é possível, mas não é muito comum. Em conjunto ao sorteio do Distrito 12, o menino escolhido para acompanhar Katniss nessa lamentável tortura é Peeta, um padeiro que guardava uma paixão secreta por ela. No entanto, a arena não é um lugar muito romântico. Lá, eles vão precisar lutar e matar para sobreviver.
Assim, a partir daí surge uma relação romântica entre Katniss e Peeta com o fim de obter maior apreço e bonificações do público e da mídia. De maneira magistral, Suzanne Collins narra a jornada de Katniss durante todo o torneio. O propósito do romance não é cativar adolescentes com um triângulo amoroso entre a protagonista, Peeta e Gale, mas sim buscar algo mais nobre: promover uma revolução ao revelar o que permanece na obscuridade.
Ao imergir na trama, minha mente foi dominada pela crítica social habilmente tecida pela autora. Ela pintou um futuro que, de maneira assustadora, espelha nossa sociedade atual e apresenta uma crítica social, construindo uma distopia onde a elite se diverte às custas dos menos privilegiados, assim como a visível desigualdade social entre os distritos, se assemelhando ao que conhecemos por capitalismo. O que me cativou profundamente foi a genialidade de incorporar elementos de um “reality show” aos Jogos. Katniss, a narradora destemida, mostra uma perspicácia notável ao jogar com as expectativas da Capital. Na arena, ela se molda para ser o que o público deseja, ciente de que suas escolhas podem levá-la à morte planejada ou à glória inesperada. Tudo está nas mãos dela, desde que aceite as regras impostas pelo jogo.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)