“Jogador Número Dois”,

Por Raquel Martins

Após ganhar o prêmio de um jogo de realidade virtual, Wade Watts se torna coproprietário da empresa responsável pelo jogo ao lado de seus dois melhores amigos e namorada. O início do livro nos apresenta o momento pós sucesso dos protagonistas e tudo parece na mais perfeita harmonia considerando que os quatro recebem tudo o que sempre desejaram: dinheiro e fama. Os jovens antes pobres e sem perspectiva de um futuro bom agora se encontram com planos e oportunidades.

Isso tudo se torna ainda maior do que eles sequer poderiam imaginar quando Wade descobre que o finado criador do jogo virtual OASIS projetou anos antes uma espécie de capacete de realidade virtual que possibilita que os jogadores tenham experiências mais realistas no OASIS. Com esse capacete que faz ligação com os neurônios dos jogadores, cada pessoa poderia realmente sentir como se vivessem as sensações do que desejassem, sem necessariamente terem algum tipo de dano em seus corpos reais.

Quando Wade apresenta esse capacete que antes era um segredo aos seus melhores amigos que também são sócios, dois deles apoiam enquanto a única que se opõem é a namorada de Wade, Samantha, pois ela não acredita que isso seria algo bom para a humanidade considerando que praticamente todos já vivem com suas mentes logadas no OASIS quase que vinte e quatro horas por dia. Contrariando Samantha, Wade decide lançar o capacete no mercado e então uma nova era da realidade virtual se inicia.

Cerca de mais de três anos depois, o jovem Watts se sente mais solitário do que nunca considerando que sua namorada terminou com ele no momento em que decidiu lançar o capacete e seus dois melhores amigos, Aech e Shoto, vivem ocupados com suas vidas pessoais. Nesse meio tempo, um novo enigma surgiu no jogo e por anos não foi desvendado por ninguém até que de uma hora para a outra, Wade recebe um alerta de uma jovem que diz ter encontrado a primeira pista para o novo enigma. Watts encontra com a jovem e ela compartilha com ele o que descobriu e a partir disso uma nova aventura inicia.

Contudo, nesse meio tempo um vilão se apresenta no jogo fazendo com que Wade e seus amigos precisem literalmente lutar por suas vidas quando descobrem que mais de meio bilhão de pessoas estão conectadas nos capacetes e estão sendo feitas reféns por esse vilão que lhes dá apenas doze horas para que o enigma seja resolvido ou caso contrário todas essas pessoas, inclusive os novos proprietários do jogo, serão mortos.

Com esse enredo é se esperar que toda a narrativa tenha um ritmo frenético e constante, mas não é isso que se encontra em Jogador Número Dois. Apesar dos vários momentos impactantes em que novas informações do passado do criador, James Holliday, do jogo são reveladas, assim como do passado das duas pessoas que foram mais importantes na vida de James; o ritmo da história é bem lento se levar em consideração o primeiro livro e também levando em consideração que Jogador Número Dois é repleto da repetição do dia a dia de Wade que sempre faz as mesmas coisas o que torna a leitura mais arrastada.

Ainda firme na enorme gama de referências de filmes, séries e jogos, Ernest Cline entrega um livro cheio de reviravoltas não tão surpreendentes, além de um conjunto de situações que poderiam ter sido descritas com menos detalhes estáticos. Também seria bem-vindo um acréscimo mais empolgante de ação em mais da metade do livro considerando que o enredo só acelera em torno do final da história gerando uma sensação de correria que não funciona tão bem.

O livro, no todo, passa uma impressão de que não teria necessidade de existir considerando a conclusão do primeiro volume, contudo para quem se tornou fã ou para quem realmente aprecia discussões sobre inteligência artificial e o impacto dela na vida dos seres humanos, é uma obra que gera certo encanto. Além disso, certamente para os leitores de distopia essa história sem dúvida pode ser prazerosa, principalmente para os que tiverem apresso pela cultura pop dos anos 80 e 90.

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