“Jane Eyre”, Charlotte Brontë

Por Ana Clara Tapajós Pinto

Jane Eyre é um romance clássico da literatura, ambientado na Inglaterra da época vitoriana, retrata a jovem Jane Eyre e sua difícil busca por uma vida mais significativa e menos convencional do que a oferecida às mulheres de sua época. Jane não teve uma infância fácil. Logo cedo perdeu seus pais e foi obrigada a viver com seus tios e primos que não possuíam nenhuma simpatia por si. Por ser rejeitada dentro desta família, Jane encontrou seu refúgio nos livros que moldaram seu senso crítico e a prepararam para desbravar o mundo. Ainda garota foi enviada para um colégio interno para meninas e lá decide seguir a carreira de governanta. No início de sua vida adulta, Jane aceita uma oferta de emprego na mansão de Thornfield Hall onde conhece o enigmático proprietário, Sr. Edward Rochester.

O que mais me encantou nessa história foi a maneira como Charlotte Bronte criou uma personagem tão à frente de seu tempo. Retratando com perfeição uma Inglaterra cheia de preconceito, Charlotte critica o lugar dado às mulheres na sociedade ao fazer sua personagem não aceitar o pouco que a vida lhe dá e buscar sempre mais do que lhe era oferecido. Assim, Jane tinha como objetivo em sua vida, sua autossuficiência e independência, buscadas desde muito cedo através do trabalho. Com frases fortes e críticas, a autora expõe sua opinião através dos pensamentos de Jane, como relata ainda no início do livro: “Ninguém imagina quantas rebeliões, além das políticas, fermentam as massas que povoam a terra. Têm-se as mulheres como entes passivos; e elas, todavia, sentem tanto quanto os homens. Tanto quanto seus irmãos, necessitam de campo onde exercitem as suas faculdades”.

Outro diferencial da obra é a forma como Jane e Sr. Rochester são descritos. Diferente de heroínas e cavalheiros de outros romances, o casal é tudo, menos perfeito. Jane é sombria, marcada pelo terror que foi seu passado, e carrega essas marcas como parte da sua armadura. Já o Sr. Rochester é como um anti-herói, que parece carecer de qualquer base moral. Ele está acostumado que as coisas saiam do seu modo e usa todas as armas ao seu alcance, principalmente seu poder e influência, para isso. Além de carregar um grande segredo que magoará muito nossa heroína. Jane se torna uma espécie de salvadora para o Sr. Rochester. Ela com sua exacerbada criação católica e cheia de princípios acredita em um discurso de redenção.

Jane Eyre não é um clássico da literatura à toa, é uma jornada de superação de uma das personagens mais fortes que eu já li, é um clássico para ser louvado e reverenciado que tratará de questões importantes e surpreendentemente atuais, razão que faz este livro inesquecível.

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