Por Tainah Brites
“Ideias para adiar o fim do mundo”, livro com as palavras de Ailton Krenak, líder indígena, ambientalista, escritor e filósofo brasileiro, fala sobre o mito da sustentabilidade e a ideia de humanidade construída ao longo dos últimos milênios. A obra explica como a maneira como se pensa sobre este conceito fez com que os brancos europeus achassem normal o que fizeram no início do que é chamado de “descobrimento do Brasil”, momento histórico contado por muitos anos de forma que anulasse toda a agressividade da colonização.
Ailton Krenak diz que a ideia homogênea que temos de humanidade limita a nossa capacidade de invenção, criação e tira nossa liberdade. Nega as muitas formas de vida, como se só uma fosse humana e aceitável. Assim, homens são retirados do campo e da floresta para virarem mão de obra dos brancos, sem contato com sua ancestralidade, arrancados de sua identidade, como se suas formas de vida fossem inferiores.
Ao ler todo o livro, é possível pensar que muito do que é dito só é tão real por ser escrito por um filósofo indígena, e é muito importante o fato de vozes originárias como as de Krenak e Davi Kopenawa estarem ganhando atenção.
“Ideias para adiar o fim do mundo” é uma leitura obrigatória, principalmente se você quer sair dessa alienação, entender como viramos o que somos, e o que aceitamos, sem questionar. Como nos afastamos tanto do que é chamado de natureza. Tudo isso com uma leitura fluida e acessível para todos.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)