Por Joyce Caroline
Apesar de lançado em 1993, “Garota, Interrompida” ganhou destaque internacional com o lançamento do filme em 1999 estrelado por Winona Ryder.
O livro narra o período em que a escritora Susanna Kaysen esteve internada em um hospital psiquiátrico durante a década de 1960. A protagonista foi internada depois de tomar uma dose perigosa de aspirina e vodca e permaneceu no hospital durante 18 meses.
Diagnosticada com Transtorno de Personalidade Limítrofe (ou Borderline) Kaysen descreve os acontecimentos como num diário pessoal, se afasta dos termos técnicos e traz luz para seus processos internos, sendo provavelmente um dos motivos do sucesso de seu livro. A sua análise sobre suas fichas médicas (presentes no livro) também traz uma interessante discussão em relação ao diagnóstico de TPL em jovens mulheres.
O livro também se destaca por trazer um relato realista de internação em um hospital psiquiátrico (de classe média) diferente do imaginário romantizado criado especialmente pelo cinema. Nada no livro é fantástico, já no filme algumas narrativas foram exageradas desagradando a autora, mas continua como sucesso em relação à representação cinematográfica de transtornos psíquicos.
Alguns pontos do livro também deixaram a desejar, ainda que fosse mais próximo da realidade que o filme. A autora, em uma de suas entrevistas sobre o livro, defendeu que o livro possui uma qualidade e um defeito. A qualidade pela clareza da escrita capaz de alcançar leigos no assunto e o defeito seria a omissão, principalmente em relação a família e a relação desenvolvida com eles durante o período de internação que é praticamente deixada de lado.
Apesar desses detalhes, o livro é uma excelente descrição dos sentimentos de uma pessoa passando por transtornos psicológicos e pode ajudar pacientes e pessoas próximas a entenderem seus processos.