Por Francisco Falcão
No filme, Dan (interpretado por Mark Wahlberg) é retratado como um típico homem dos subúrbios americanos, exuberante em suas habilidades profissionais como vendedor de carros e desempenhando o papel clássico de pai que se distancia dos filhos durante a tumultuada fase de desenvolvimento de personalidade da adolescência. Ele se encaixa perfeitamente no estereótipo, mas o enredo lentamente o conduz a uma reviravolta previsível e gradual.
Quando seu casamento, assim como todas as áreas da vida – com exceção da profissional -, parece à beira do fracasso devido à monotonia da rotina, o passado de Dan como um assassino do governo vem à tona. No entanto, revelar esse “pequeno” detalhe à sua família não é uma opção. Assim, o filme embarca em uma série de tentativas de assassinato por parte de seus antigos “colegas de trabalho”, enquanto a história se desenrola em um modelo de filme de estrada em direção a Las Vegas. O objetivo? Conseguir novas identidades para toda a família, que estranhamente aceita a viagem de última hora para Nevada sem grandes suspeitas.
À medida que a jornada avança, os membros da família são forçados a enfrentar clichês cinematográficos e uma quantidade excessiva de violência gratuita, tudo isso envolto em um roteiro simples e pouco realista. Além disso, as propagandas exageradas do jogo “Valorant”, que o filho de Dan joga em segredo, e é incrível – com a justificativa genética – ocupam um espaço referencial que, em certos momentos, ofusca até mesmo a história principal.
Embora o filme ofereça momentos de humor e ação, sua execução exagerada e a falta de profundidade emocional acabam por prejudicar o impacto geral da narrativa. Além disso, a estruturação do filme parece valorizar e normalizar mortes de um jeito que causa até mesmo desconforto.
No geral, é só mais um filme de besteirol, com toques bélicos nada suaves. Mais uma produção esquecível que serve para ocupar seu tempo, principalmente quando não se quer pensar.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)