Por Ana Clara Tapajós
(Imagem retirada do banco de ilustrações de Daiana Isabel López)
O drama “O Menino que Descobriu o Vento” inspira-se na obra biográfica de mesmo nome referente a vida de Willian Kamkwamba, um garoto cujo maior sonho é poder estudar, mas por conta de várias dificuldades que sua família vem passando, os pais acabam não conseguindo pagar pelas mensalidades da escola. Ganhando destacável admiração e aclamação pela crítica e pelo público, a produção retrata a característica realidade de uma pequena comunidade denominada Wimbe, situada em Malawi, e como sua estruturação, funcionamento e crenças tornam-se suscetíveis às alterações ao seu entorno, sejam estas climáticas, políticas, sociais e, até mesmo, familiares.
Organizada perante uma lógica agrícola de cultivo de grãos, a sociedade residente em Wimbe depara-se com o surgimento de uma crescente intervenção pelo governo vigente em todo seu ordenamento e tradição após a morte repentina de seu chefe. A seca, outro grande inimigo desta população leva a uma baixa produtividade na colheita e, por fim, coloca à prova a sobrevivência de toda a comunidade, abandonada e brutalmente silenciada pelos mesmos governantes que prometeram promover avanço, vitória e paz.
Cansado da própria realidade, Willian Kamkwamba não se deixa alabar pela falta de oportunidades e decide agir sozinho. Muito curioso e inteligente passa a entrar escondido na biblioteca da escola e, a partir do livro “Using Energy”, Willian começa um audacioso projeto para a construção de um moinho capaz de gerar energia eólica e, assim, promover o funcionamento de uma bomba para abarcar a água necessária para recuperar suas terras devastadas.
Este filme me deixou particularmente tocada uma vez que ele retrata de forma dura a ganância do ser humano; até que ponto as pessoas no poder podem ir para alcançar os próprios objetivos, ignorando, assim, a moral e a empatia. Além disso, é extremamente linda a forma como o drama mostra como a educação é capaz de mudar a vida das pessoas. Willian se tornou um verdadeiro exemplo de persistência, luta e coragem para diversas pessoas ao ir contra todas as probabilidades.
Mesmo diante de grandes dificuldades – a seca, falta de dinheiro, crise familiar e tantos outros problemas que nos são apresentados durante o filme – ele jamais desistiu de estudar. Em momento algum ele dá menos importância a escola. Muito pelo contrário, ele chega a confrontar o pai por conta disso. William viu nos estudos algo mais que livros e salas de aula, ele viu uma arma poderosa que poderia ser usada não para um ataque, mas como uma forma de resistência e superação, me lembrando da belíssima frase de Nelson Mandela: a educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo.