“É Assim Que Começa”, Colleen Hoover

Por Carolina Cardoso

Em uma de suas mais recentes obras, Colleen traz de volta às páginas de um livro a emocionante história de Atlas e Lily. Nossos amados protagonistas vivem a sequência do aclamado primeiro romance nessa continuação direta que tem início no exato momento em que acaba a primeira história. Ambos se encontram, por acaso, na rua, passados os eventos dramáticos do casamento de Lily, que agora vive finalmente livre de Ryle, ou ao menos assim pensamos nós. 

Ao fim do último livro, Lily termina definitivamente seu relacionamento abusivo com o ex-marido, dando aos leitores o alívio de saber que ela deixava para trás esse ciclo destrutivo. Todavia, a personagem ainda divide a custódia da filha com seu progenitor em um acordo não judicial. Assim sendo, para desgosto dos personagens e do leitor, o fantasma de Ryle nos acompanha por toda essa história.

Conhecemos através dessa obra sequencial mais sobre o universo do nosso amado Atlas Corrigan, descobrimos quem são suas pessoas, temos acesso a detalhes de sua vida passada e presente e somos surpreendidos junto com ele ao recebermos novos membros na família sem aviso! É interessante mergulhar na perspectiva de Atlas sobre eventos de sua adolescência e vida adulta narrados pelos olhos de Lily no último livro e, mais ainda, viver as novas fases do relacionamento dos dois, entendendo o que se passa na mente do misterioso chef.

A construção de uma bolha própria do personagem ajuda a ganhar mais dimensão aos olhos do leitor, que consegue pela primeira vez relacionar-se com ele de outra perspectiva que não a de Lily. É gostoso deixar a autora nos descrever seu herói romântico outra vez e guiar-nos por suas nuances com toda a intensidade característica de Hoover. Descobrimos seu passado, entendemos seus medos e anseios, nós o conhecemos e isso é fenomenal. 

Colleen admitiu que não planejava voltar com essa história ao fim do primeiro livro, mas a pressão dos fãs a fez ceder e dar a Lily e Atlas mais, mais vida juntos, mais amor, mais tudo. Porque, se existe um consenso entre fãs e autora, é o de que esse casal merecia mais. Merecia os bons momentos, as fofuras, a felicidade e não só a promessa que nos foi deixada em sua primeira obra. 

Esse não é um livro puramente feliz, como mencionado, Ryle segue rondando nosso casal de protagonistas e ameaçando a vida feliz que ambos estão construindo juntos. Sua existência como pai da filha de Lily o coloca na vida da mulher para sempre e a tendência do homem a continuar tentando recuperar seu malfadado relacionamento culmina em sempre mais dor e sofrimento para Lily e agora, mais do que nunca, também para Atlas, que está definitivamente de volta à vida dela para alegria geral de leitores e personagens, exceto Ryle. 

Já na vida privada de nosso querido chef, também nem tudo são flores. Fantasmas de seu passado voltam para assombrá-lo e novos surgem, acionando lembranças nada felizes. Atlas precisa lutar contra seus demônios e ser mais forte do que nunca para lidar com tudo que o acomete nessa trajetória, mas ao final do dia e do livro, ele conquista finalmente o que sempre sonhou. Seu emprego dos sonhos, os amigos que sempre buscou e, mais importante, a família que sempre almejou.

É um livro lindo que carrega uma carga emocional e nostálgica enorme. O leitor viverá cada página torcendo e agradecendo simultaneamente pelo final feliz que se desenrola diante de seus olhos, que, digamos, é mais do que merecido. CoHo nos dá seu melhor para trazer drama e felicidade a esse casal na medida certa, não os levando a sofrer mais do que já assim o fizeram, nem ignorando o fato de suas vidas serem definitiva e indiscutivelmente complexas. É um lindo jeito de terminar essa história, com um começo, o começo de algo bom, ótimo.

Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ) 

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