Por Júlia Hurel
O documentário “Saúde tem Cura” retrata a extensa luta que precedeu para que a proposta do SUS (Sistema Único de Saúde) brasileiro, o verdadeiro protagonista desta obra, integrasse a Constituição de 1988. Como foi produzido durante a pandemia do COVID-19, fica clara também a motivação para relatar todas as falhas governamentais e o esforço do nosso Sistema Universal para salvar vidas e prestar atendimento ao máximo de pessoas possíveis no meio do caos que estava instaurado. A elaboração da vacina para o coronavírus também foi uma pauta bastante abordada e como o Brasil foi um dos países que liderou sua pesquisa e testagem.
Nesse panorama, o documentário procura ilustrar a importância deste SUS para nós brasileiros e como sua criação foi uma conquista imensa para a nação, a exemplo disso, aponta-se que, hoje, 80% dos brasileiros usam exclusivamente o sistema público de saúde. Ao mesmo tempo que a obra audiovisual expõe diversos problemas e questões logísticas que necessitam de melhoria presentes no SUS, ela também reforça que não podemos permitir a privatização desse Sistema, já que o privado não está preocupado com a população como um todo e sim apenas com a parcela que pode arcar com os custos. Portanto, sem um atendimento gratuito, milhões de brasileiros iriam encontrar-se diariamente desamparados e sem acesso à saúde ou atendimento médico-hospitalar viável e muito menos compatível com sua renda.
Além disso, em relação ao andamento do documentário, achei que o começo foi um pouco lento demais para prender totalmente a atenção do telespectador, porém vai tornando-se mais instigante ao longo de seu decorrer. Para mim, quando foi abordada a questão da vacina, me recordei do momento em que pensava que tudo finalmente iria voltar à normalidade – depois de tantas perdas – quando foram anunciadas as primeiras doses, veio uma sensação de alívio, mas estava longe de ser de fato o fim dessa situação terrível.
Após isso, ainda houveram muitos outros tristes acontecimentos relacionados e até os dias atuais essa pandemia e as sequelas que ela deixou na nossa população e no mundo se perduram. Mesmo assim, se não fosse pela distribuição gratuita das doses de imunização realizada pelos Postos de saúde (UBS) para todos os cidadãos, não seria possível o avanço da contenção desse patógeno para que chegássemos o mais perto possível do término desse cenário preocupante. Por fim, a mensagem que o longa-metragem passa é de que para a construção de uma nação verdadeiramente justa e igualitária, devem ser disseminados ideários e propostas que rompam a visão de mundo elitista atual, baseada em privilégios, pois a luta pela saúde é de caráter coletivo e não uma responsabilidade individual. Ademais, também deve ser feita a reivindicação para um aumento no financiamento do SUS, ou seja, pressionar o Poder público por maiores verbas direcionadas para esse setor fragilizado, já que o orçamento no momento não é o suficiente para suprir o atendimento básico de mais de 1 milhão de pessoas por dia.