Por Ana Clara Tapajós
O documentário “Privacidade Hackeada” mostra em detalhes o escândalo das empresas Cambridge Analytica e Facebook, acusadas de hackearem informações pessoais de milhares de pessoas para criar perfis políticos e influenciar as eleições norte-americanas de 2016. Esse escândalo levantou a discussão mundial em torno da ação das grandes empresas como Google, Facebook, Instagram, entre outras gigantes das redes sociais, que coletam e vendem, sem autorização, as informações digitais das pessoas.
É retratado o processo que vai da coleta de dados, por meio de aplicativos maliciosos, à criação de estratégias direcionadas para obter certos fins. Em meio às entrevistas e às interações com os personagens, os principais e os secundários, eles mostram que por trás de todo discurso de conectividade e de diminuição de fronteiras, existe a velha política de desenvolvimento do medo e da agressividade como forma de criar exércitos de zumbis digitais, servidores de propósitos bastante definidos que, ao se depararem com alguma fake news, vão propagá-la sem pensar duas vezes.
A frase “se você não está pagando pelo produto, você é o produto”, dita pelo ex-designer do Google neste outro documentário, me marcou profundamente e me fez pensar como tudo é altamente manipulado. Além disso, a constatação do atual documentário de que não se pode viver sem as redes sociais nos leva a refletir que é preciso estar atento e vigilante, e desconfiar de tudo veiculado nelas.
Este documentário é um alerta para prestarmos mais atenção onde colocamos nossos dados pessoais, o que compartilhamos e pesquisamos na internet e nas redes sociais. Também nos faz refletir sobre como os nossos dados estão sendo usados a favor ou contra nós e o quão manipulados estamos sendo ao trocar nossa privacidade pelo uso “gratuito” de alguns serviços e plataformas. Como o professor Carroll diz durante a metragem: “Ninguém parou para ler os termos e condições de uso e essa é a razão por que a Google e o Facebook são as empresas mais poderosas do mundo, superando o valor do petróleo. É o bem mais valioso da terra”.
Imagem retirada do banco de ilustrações de Felipe Marques
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)