“Cobiça”, Tracy Wolff

Por Raquel Martins

“Covet”, lançado no Brasil com o título “Cobiça”, em 2022, é o terceiro título da série de Tracy Wolff e acompanha os alunos do Instituto Katmere tentando contornar as situações desastrosas que antecederam o momento em que eles estão vivendo. Cercado por incertezas com a volta do mais velho dos irmãos Vega, o grupo de amigos de Grace não sabe muito bem o que pensar, afinal, eles acreditaram por muito tempo que Hudson Vega era seu grande inimigo, mas agora, com as novas informações que descobriram, precisam decidir se vão continuar acreditando nas mesmas coisas ou vão começar a questionar tudo o que sabem.

No terceiro livro, acompanhar Grace com seus sentimentos conflitantes entre os irmãos Vega foi ainda mais intenso do que no segundo livro, já que agora Hudson Vega não é apenas alguém que está preso em sua mente, mas sim um vampiro em carne e osso, determinado a fazê-la entender quem ele realmente é e qual é o verdadeiro perigo que eles correm.

Em contrapartida, ver Grace e Jaxon, seu até então namorado, ficarem cada vez mais distantes, por conta de todas as consequências das escolhas que cada um fez, é bastante comovente, pois antes que começassem a namorar, eles se tornaram bons amigos e a todo momento esse é um fato que Grace revisita, não necessariamente para os outros, mas para si, e por isso é tão triste vê-la sentir que pode perdê-lo de mais de uma maneira.

Além do desenvolvimento do romance principal, também é possível acompanhar novas amizades e outros romances com os personagens secundários que já apareceram anteriormente na série, como também dos novos personagens que surgem para complementar de maneira inteligente o grupo. A dinâmica entre os amigos de Grace e Jaxon, com os dois, é boa de acompanhar, contudo, há um certo ponto na história, devido ao enredo central, em que vemos Grace se distanciar de alguns de seus amigos por ter que seguir novos caminhos a fim de livrar todos os alunos da Katmere — e do universo sobrenatural — de um destino cruel que parece persegui-los, apesar de Grace sequer saber que destino é esse, afinal.

E, ao haver essa ruptura, é quando acompanhamos Grace e Hudson se aproximarem ainda mais, ao passarem por certos desafios que os tornam mais unidos. Os dois, nessa jornada, acompanhados de Jaxon, Macy, Flint, Eden e outros amigos, descobrem segredos que sequer poderiam imaginar e constroem também uma sólida e bastante apaixonada relação que os torna um casal que parece improvável, contudo, ao mesmo tempo, a combinação perfeita.

Conforme a narrativa avança, vemos Grace ter inúmeros debates internos que a afligem de modo bastante palpável e isso traz ao leitor uma sensação de sufoco tão realista que permite que sintamos o que a protagonista sente quase na mesma intensidade. E, como já havia acontecido nos dois primeiros livros, esse não decepcionou na quantidade de reviravoltas mirabolantes e, também, na apresentação de novos universos que fazem todo sentido, sendo parte de um cenário que trata praticamente somente sobre os seres sobrenaturais. 

Tracy Wolff soube entregar com maestria uma gama de conteúdo bem mais original no terceiro livro e conseguiu, novamente, construir um final digno de conquistar o leitor o suficiente para levá-lo a ler o quarto livro da série, por mais que todos os livros de “Crave” sejam calhamaços com detalhes minuciosos em cada página e extensos monólogos que a protagonista tem na própria mente.

Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)

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