Por Talita Ferreira – Releituras na Quarentena
A crônica não quer abafar ninguém, só quer mostrar que faz literatura também, é o que diz Joaquim Ferreira dos Santos para dar introdução à seleção de crônicas que compõem o livro.
Com 62 autores preenchendo as páginas, “As Cem Melhores Crônicas Brasileiras” é um livro que carrega em si textos para todos os gostos, ou seja, se você é adepto daquela história mais romântica, ou se prefere ler coisas mais divertidas, sejam elas mais longas ou mais curtas, o livro conta com toda essa diversidade, o que pode atrair um público abrangente.
A seleção feita não segue um padrão, aparentemente. Trata-se somente de crônicas aleatórias, digamos, que Joaquim gostou e decidiu que seria bom agrupá-las num só lugar para que todos tivessem acesso. Além disso, há uma divisão de datas no livro para explicitar o período que cada obra surgiu, tendo início no ano de 1950 e finalizando em 2000.
Abaixo, está um trecho da crônica que mais gostei, pois trata-se de assuntos sobre o amor (mesmo que não necessariamente fale dele como algo bom):
“Houve uma época em que eu pensava que as pessoas deviam ter um gatilho na garganta: quando pronunciasse – eu te amo -, mentindo, o gatilho disparava e elas explodiam.
[…] Aprendi que não é tão fácil dizer eu te amo sem ao menos achar que ama e, quando a pessoa mente, a outra percebe, e se não percebe é porque não quer perceber, isto é: quer acreditar na mentira.
[…] Mas essa é a natureza do amor, comparável à do vento: fluido e arrasador. É como o vento, também às vezes doce, brando, claro, bailando alegre em torno de seu oculto núcleo de fogo.”
Ferreira Gullar (página 279)
Talvez você não leia todo o livro, pois é possível que não se identifique com alguma crônica ou com algum autor, e é válido deixar explícito que nenhuma crônica presente no livro foi escrita por quem as selecionou, portanto, sua preparação precisa ser para se deparar com Clarice Lispector, Chico Buarque, Carlos Drummond de Andrade etc.
Há quem discorde que essas são, de fato, as cem melhores, mas só conferindo para ter sua própria opinião a respeito. Para isso, basta dar uma olhada no acervo geral da Base Minerva! A localização do livro na Biblioteca do CFCH é B869.8 C394.
Boa leitura!