“A minha vida com Picasso”, Françoise Gilot e Carlton Lake

Por Joyce Caroline

Existem lendas que circulam grandes artistas, algumas verdades, algumas fantasiosas, as musas de Picasso era uma dessas. No livro Gilot humaniza uma das lendas da Pintura, o pintor no livro não é um ser fantástico dotado de talentos sobrenaturais, mas um homem um homem comum que adquiriu sucesso.

A história começa com Françoise Gilot iniciando o relacionamento com o artista aos 21 anos, Picasso possuía 61, ela artista iniciante ele com sua carreira internacional. Para um jovem em 2021 ler todas as camadas do relacionamento conturbado dos dois traz incômodos, porém na décadas de 40/50 um relacionamento com tamanha diferença de idade não trazia tanta estranheza.

Dos processos criativos, é interessante observar como a artista descreve a ansiedade que Picasso possuía todas as manhãs antes de pintar, e também a sua dedicação apesar desse desconforto matinal. Essa ansiedade criativa foi destaque em muitos livros de psicologia e filosofia, a angústia de criar, como descrito por Kierkegaard, é um dos elementos que humaniza o pintor no livro, a excelência de seu trabalho não vem de um talento inexplicável
mas do hábito diário.

Outro ponto de humanização do artista é a descrição dos conflitos entre os dois amantes, Picasso no seu relacionamento era apenas um homem, um resultado de sua cultura, com sentimentos humanos. Em alguns momentos o peso do abuso psicológico é tão incômodo que a passividade de Gilot incomoda, apesar de sabermos que ela era apenas uma das vítimas.

Françoise por ser a única mulher que foi capaz de abandonar, e mais tarde expor o artista pagou um preço caro, além de todo abuso psicológico sofrido por seu parceiro, por muitos anos foi perseguida e impedia de expor seu trabalho e hoje apesar de ser reconhecida e estar entre umas das maiores pintoras de seu estilo, ainda carrega com sigo a sombra de Picasso, nada resta além da esperança de que a história a faça ser reconhecida primariamente por seu
trabalho.

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