Por Erika Scoralick
O livro “A Empregada” trata-se de um suspense psicológico com muitas reviravoltas, onde vamos descobrir como uma casa de uma família aparentemente comum pode conter muitos segredos.
Todos os dias, Millie limpa a casa de Nina e Andrew Winchester de cima a baixo. Pega a filha deles na escola. Prepara refeições deliciosas para a família toda antes de poder se recolher e enfim comer o próprio jantar, sozinha em seu quarto minúsculo e claustrofóbico no sótão.
Quando Nina passa a sujar todos os cômodos de propósito só para assisti-la limpar, Millie tenta não perder a cabeça. Quando ela conta mentiras perturbadoras sobre a própria filha e tortura psicologicamente o marido, que parece mais e mais fragilizado, Millie tenta ignorar.
Afinal, com seu passado problemático, ela tem mais é que agradecer por ter conseguido esse emprego.
No entanto, ao olhar bem dentro dos lindos e doces olhos de Andrew e ver o sofrimento contido neles, Millie não consegue deixar de imaginar como seria ter a vida de Nina. O closet cheio de roupas, o carro elegante, o marido perfeito.
Logo os Winchesters vão descobrir que não fazem a menor ideia de quem Millie é de verdade. Nem do que ela é capaz de fazer…
A sinopse já mostra como o livro vai ser uma intrigante narrativa envolvendo uma família rica com o interior diferente de sua fachada e uma empregada com um histórico misterioso. A obra é um suspense intrigante que pretende prender o leitor do começo ao final com sua escrita fluída de curtos capítulos e narrativa surpreendente. Além disso, a fórmula de narrativa se parece com outros livros do mesmo ramo, como “A Paciente Silenciosa” e “Verity”, portanto se o leitor já tiver lido algum deles gostará muito de “A Empregada” e encontrará conforto na formatação.
O livro é divido em 3 partes e em cada uma delas um personagem entra em foco. Nessa parte 1 vamos ler o ponto de vista da Millie e mostra ela se habituando a sua nova rotina como empregada da família Winchester. No desenrolar desse primeiro momento o leitor já consegue criar muitas suposições sobre qual caminho a narrativa vai seguir e, pegar sinais de alerta sobre as situações do cotidiano da família de Nina e Andrew. Além disso, a primeira parte termina com um grande gancho para a segunda, o que dá mais vontade de continuar a leitura. Na parte 2 o ponto de vista é da parte de Nina Winchester, é onde vamos conhecer mais sobre a personagem e sua família. Nessa segunda divisão a leitura começa a ficar com uma sensação de rapidez, pois um grande plot twist foi apresentado no final da parte 1 e nessa parte 2 há uma pausa no tempo para mostrar como era a relação de Nina e Andrew antes da Millie entrar em suas vidas. Essa divisão termina com muitas revelações sobre a trama e um gancho para o segmento seguinte. Na parte 3 temos o ponto de vista de Millie e Nina, é nela que os segredos são todos revelados, os pontos entre os personagens são conectados e as perguntas que foram levantadas ao longo da obra são todas respondidas. O livro termina com um epílogo que leva para uma sequência da trama em outro livro.
A escrita de Freida McFadden prende do início ao final por despertar a curiosidade do leitor desde o prólogo, onde uma personagem não identificada fala com a polícia sobre o corpo que achou na casa. Todos os personagens colocados na trama são bem desenvolvidos, tendo um passado e um motivo de vida, o que é um grande ponto positivo visto que em muitas obras o autor coloca um personagem na história sem nenhuma característica mais profunda além de ser um apoio para o personagem principal. O fluxo narrativo é muito intrigante porque as entrelinhas levam a muitas possíveis perguntas, o que pode fazer o leitor rapidamente descobrir quem é o personagem morto do prólogo e como morreu ou levar a vários caminhos sem respostas.
O final do livro me surpreendeu, a autora fez uma escolha audaciosa que poucos teriam coragem de fazer. Nas últimas páginas a narrativa é virada de cabeça para baixo e atos hediondos e estranhos acontecem, além disso na exata página 294 acontece um marcante diálogo de cair o queixo envolvendo a mãe do Andrew.
A obra me agradou em muitos pontos, por isso eu recomendo-a para quem gosta de um bom suspense. Entretanto, um ponto negativo que acredito que vale a pena destacar para aqueles que desejam realizar a leitura de “A Empregada” é a maneira como o final se desenvolve de forma corrida. Para explicar mais profundamente terei que dar spoilers. Quando a Millie é presa no sótão por Andrew até o momento em que a Nina chega na casa para ajudá-la uma semana se passou e essa uma semana é descrita em poucas páginas por Millie sem entrar em muitos detalhes, além disso após a Nina chegar só iremos saber muito brevemente da Millie no epílogo e eu gostaria que a autora tivesse se aprofundando em como a Millie lidou com a situação de quase ser presa novamente. Esse livro eu recomendaria para aqueles que gostam de um suspense mais leve, com mais mistério do que partes sangrentas ou assustadoras. Apesar de ter um terror mais leve do que outros livros do ramo, cabe alertar que essa obra possui temas como violência doméstica, abuso psicológico, agressão física e gordofobia.