Por Bruna Costa
“A Elegância do Ouriço” é uma obra que se desdobra como uma suave melodia, tecendo camadas de reflexão sobre a vida, a solidão e a beleza que permeia até mesmo os cantos mais sombrios de nossa existência. Muriel Barbery habilmente nos conduz pelos corredores de um prédio parisiense, onde os destinos de duas almas solitárias se entrelaçam de maneira delicada e comovente.
No centro da narrativa, encontramos Renée, uma zeladora taciturna que se esconde atrás de uma fachada de aparente indiferença. Por trás de sua simplicidade autoimposta, jaz uma mente brilhante e sensível, cujas reflexões sobre arte, filosofia e beleza contrastam com sua posição social. Ao lado dela, surge Paloma, uma jovem extraordinariamente inteligente, cujo desencanto com a superficialidade do mundo ao seu redor a leva a questionar o propósito da vida.
O encontro dessas duas almas é como o aflorar de uma rara flor no meio de um deserto árido. Entre conversas sobre Tolstói, música clássica e os prazeres simples da vida, Renée e Paloma descobrem uma conexão que transcende as barreiras sociais e geracionais. É através de sua amizade improvável que ambos encontram um refúgio, um espaço onde podem ser verdadeiramente eles mesmos, sem máscaras ou pretensões.
No entanto, por trás da beleza desse relacionamento, há uma sombra que paira sobre eles. À medida que o tempo avança, segredos são revelados e escolhas difíceis são confrontadas. É nesses momentos de crise que a verdadeira profundidade dos personagens é revelada, mostrando que a vida, assim como a arte, é uma tapeçaria complexa de luz e sombra.
“A Elegância do Ouriço” é mais do que um simples romance; é uma meditação sobre a natureza da existência humana. É um convite para contemplar a beleza que se esconde nos lugares mais inesperados, para celebrar a conexão que nos une uns aos outros, mesmo quando estamos mais isolados. É uma obra que ressoa além das páginas, deixando uma marca indelével no coração de quem a lê.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)