Por Maria Luiza Viena – Releituras na Quarentena
“O sol também é uma estrela” é um livro de Nicola Yoon, autora negra de outros best-sellers como “Tudo e todas as coisas.”
A princípio, a obra pode ser subjugada como mais uma história adolescente, porém, as nuances do livro trazem aspectos que precisam de discussão e representatividade no mundo literário.
A história tem como dois adolescentes e suas famílias, ambas imigrantes nos Estados Unidos. A diferença é que Daniel, filho de pais coreanos, sempre se vê entre a sombra de seu irmão mais velho, Charlie, e sob pressão para decidir sobre o futuro. Já Natasha, uma jamaicana que vive no país desde a infância, vê sua vida ruir ao receber a ordem de deportação do governo americano.
Em meio a uma história de amor, onde o leitor se vê novamente sentindo tudo como um adolescente apaixonado, a autora traz à tona o racismo, não só partindo de pessoas brancas, mas também de outras minorias.
Os capítulos, divididos entre os pontos de vista dos personagens principais, além de abordarem como a vivência de pessoas não-brancas são afetadas pela discriminação, levantam a bandeira do quanto as relações familiares podem moldar, e traumatizar, o caráter e a vida de uma pessoa.
O ritmo eletrizante de uma história que se passa em único dia carrega reflexões e ensinamentos, que até na vida adulta são tocantes e trazem à tona emoções que, ao crescermos, deixamos para trás.