Por Ana Clara Sant´Anna Gómez Ferreira
Releituras na Quarentena
“Americanah” é o nome dado aos nigerianos que retornam dos Estados Unidos com os costumes e sotaque do país. Ifemelu, a protagonista desse romance, passa por essa “americanização”, já que deixa a Nigéria para ir estudar em uma das universidades dos EUA, buscando alternativas para as inúmeras greves que ocorriam em seu país durante o governo militar. Assim, ela se vê imersa em uma nova cultura, se redescobrindo como uma mulher negra e imigrante. O livro aborda, portanto, três momentos da vida de Ifemelu: sua adolescência em Lagos, Nigéria, com seu primeiro namorado Obinze, o momento em que viveu nos Estados Unidos, e, por fim, sua volta para casa.
Amei acompanhar a construção da personagem, e a sua trajetória ao longo de sua vida. Ela que antes tinha sua vida estável e simples em seu país de origem, passa a enfrentar desafios e questionamentos, principalmente por conta de ser negra, nos EUA, o que parecia não ser um fato relevante para ela na Nigéria.
Achei importante também a reação de Ifemelu ao voltar para seu país de origem e se deparar com um lugar muito diferente do que se lembrava. Com o seu crescimento e a sua nova visão sobre o mundo, a personagem não se sente mais parte dali e a todo o momento estranha a cidade que costumava morar.
“Assim, Ifemelu teve a sensação estonteante de que caía, caía dentro dessa nova pessoa que se tornara, caía no estranho familiar. Será que sempre tinha sido daquele jeito ou tinha mudado tanto em sua ausência?” (p.415)
Uma leitura envolvente, importante e que, apesar de assustar pelo tamanho em primeiro momento, é bem fluida, trazendo tanto um romance leve para história, quanto críticas e reflexões importantes sobre a sociedade.