Por Sabrina Fernandes
“O Homem Invisível” é uma das histórias de ficção científica mais conhecidas de H.G. Wells, um dos autores mais conhecidos desse gênero literário. Neste livro, somos apresentados a um personagem estranho que se estabelece em uma pensão na pequena cidade de Iping, na Inglaterra. Suas atitudes e aparência nem um pouco convencionais chamam logo a atenção dos moradores da cidadezinha que passam a desconfiar dele.
A verdade é que os cidadãos estavam totalmente certos em seu discernimento, porque, como ficamos sabendo logo nos primeiros capítulos do livro, aquele indivíduo se trata de um homem invisível. Essa descoberta ocasiona uma série de acontecimentos na história, que levam ao grande estopim do livro, onde a cidadezinha se revolta contra o homem invisível, que se encontra furioso e deseja implantar o “Reino do Terror”.
Por mais que “O Homem Invisível” não seja a melhor história de H.G. Wells, ela se destaca por explorar o que aconteceria caso alguém realmente se tornasse invisível. Algo muito interessante é que, diferente do que podemos imaginar, uma pessoa que se torna totalmente invisível não se dá bem como em nossas fantasias alimentadas por anos de histórias de super-heróis. O personagem que dá nome ao livro, Dr. Griffin, não é uma pessoa boa. Ele é um louco egocêntrico que se acha superior aos outros e não consegue compreender o porquê das pessoas terem tantos problemas com o fato dele ser invisível, ignorando tudo que fez de errado, como chutar criancinhas e cachorros, bater nas pessoas que tentavam pará-lo e até mesmo assassinar alguém.
Muitas vezes, na literatura, nos vemos de frente com um protagonista de quem não gostamos nem um pouco, devido à maneira deplorável com que agem. É assim com Humbert Humbert em “Lolita”, com Viktor Frankenstein, e também com o homem invisível de Wells, esses são personagens que cometem erros terríveis que resultam na dor e sofrimento de outros indivíduos que nada tinham a ver com seus desejos. Ainda assim, é essencial se ver em uma situação como essa (a de ler um livro com personagens que o desagradam), afinal, ler é algo que te ajuda a entender mais sobre si mesmo e o mundo à sua volta, e às vezes, sentir-se desconfortável faz parte disso.
Por esse motivo, muitos livros com personagens detestáveis figuram entre os grandes clássicos da literatura mundial, porque eles nos ajudam a explorar histórias por uma perspectiva diferente, e isso torna a nossa visão de mundo em algo mais completo, mesmo que você não tenha vivido as situações apresentadas na narrativa. E é sobre isso que o livro de H.G. Wells se trata, uma história que responde a grande pergunta “o que aconteceria caso existisse alguém com capacidade de ficar invisível?” e nos faz reconhecer uma perspectiva diferente do que já estamos habituados. Hoje, essa história serve de inspiração para muitas outras, que também exploram diferentes acontecimentos decorrentes desse ponto em comum inicial, tanto nos quadrinhos como no cinema mundial, demonstrando o quão marcante a novela de ficção científica de Wells conseguiu ser.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)