Filme: “A Cor Púrpura”, Steven Spielberg

Por Daiana Nascimento

Sinopse: Em uma pequena cidade de Georgia em 1909, Celie (Whoopi Goldberg), uma jovem negra de 14 anos, após ser violentada pelo pai, se torna mãe de duas crianças. Além disso, Celie é separada dos filhos e de sua irmã, a única pessoa que a amava, sendo doada a “Mister” (Danny Glover), que a trata como escrava e companheira. A solidão leva a jovem Celie a compartilhar suas tristezas em cartas com Deus e sua irmã Nettie (Akosua Busia), missionária na África, com a esperança do reencontro.

O aclamado livro de Alice Walker teve sua versão fílmica que concorreu a 11 indicações ao Oscar, porém não conquistou nenhum prêmio, mas cativou e ainda cativa a todos os que o assistem. Com direção de Spielberg, “A Cor Púrpura” teve a produção com inúmeras controversas, ainda mais com a escolha de um cineasta branco de classe média que acabou frustrando os espectadores (pois eu particularmente sonho com uma versão dirigida pelo grande Spike Lee). No livro, eram retratadas as extremas dificuldades de uma mulher crescendo pobre, feia e negra no Sul dos Estados Unidos, já o filme se desprende do poder feminista do material de origem para se dedicar à busca de Celie Johnson por felicidade e respeito próprio. Spielberg e o roteirista Menno Meyjes se dedicam principalmente a contrapor com delicadeza as sombrias vivências de Celie durante 40 anos de abusos praticados por seu pai e por tantos outros ao seu redor.

O elenco conta com grandes nomes e o que mais se destaca é o de Whoopi Goldberg que como Miss Celia rouba a atenção para si com tamanha profundidade e intensidade nas cenas, tendo a difícil missão de conquistar a simpatia de espectadores para uma mulher proibida de falar, sonhar e interagir com outras pessoas. Sem contar outros nomes como Oprah Winfrey (Sofia), ambas tendo sido indicadas ao Oscar pela atuação. A direção tinha uma difícil tarefa de como conduzir o filme e expectativas para serem supridas, mas ainda que não tenha sido mais profundo em temas mais complexos e sombrios da trama, o diretor compensou na sua narrativa com momentos de emoção, reflexão e ternura, deixando o equilíbrio do melodramático, pois é quase impossível vocês assistirem “A Cor Purpura” sem se derramar em lágrimas ou torcer para que Celie encontre sua irmã e seja feliz.

O filme está disponível no streaming HBO Max.

Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ) 

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