Por Natália Moraes
Editora Record: Maio, 2019
O livro “A paciente silenciosa” retrata, primeiramente, Alice Berenson, uma jovem mulher, artista plástica conhecida que morava em Londres e casada com Gabriel, um fotógrafo famoso. Porém, um dia, foi acusada e condenada por ter assassinato seu marido e surpreendentemente um fato inédito a levou para um hospital psiquiátrico judiciário e não para a cadeia: após o crime, ela nunca mais falou nada. Alicia Berenson não comentou com ninguém, não se defendeu no tribunal e nem desabafou sobre o que aconteceu durante seu tratamento.
Um tempo após entrar no hospital psiquiátrico, a clínica recebe um novo médico, Theo Faber, que procura trabalhar no local com o objetivo claro de ser o novo médico de Alice. Theo surge afirmando que sabe como fazer Alicia falar e contar sua versão da história, levando a crer que será apenas pelos seus dotes profissionais. Porém, ao longo do livro, a história é levada para um rumo mais obscuro e perturbador.
O livro é perturbadoramente detalhista e misterioso. Lembro de me sentir na sala de consulta junto de Alicia e Theo, cada vez mais encolhida pela imprevisibilidade da reação que Alicia poderia ter.
Ao longo da história, a sensação de inconstância e descontrole da personagem principal assusta e vira consequência de quão alucinada deve ser a mente dessa mulher. Mas em muitos momentos é possível reconhecer as suas atitudes como única forma de expressar o quão absurda virou sua realidade.
Ao longo da história, a sensação de inconstância e descontrole da personagem principal assusta e vira consequência de quão alucinada deve ser a mente dessa mulher. Mas, em muitos momentos, é possível reconhecer as suas atitudes como única forma de expressar o quão absurda se tornou a sua realidade.
Provavelmente muitos terminarão o livro sem acreditar na situação que Alicia construiu, mas irão entender os motivos que a levaram a ter aquela realidade. O livro conta uma história de deixar qualquer leitor inseguro, agoniado e assustado, o suficiente para não conseguir estabelecer um bom momento de dar uma pausa na leitura. O lado bom da história é que, sendo extremamente boa e fluida de ler, quando menos esperar, faltam poucas páginas.
Para quem nunca leu uma história de mistério e suspense psicológico, começará com um livro que não vai te dar sensações gradualmente. O livro te levará ao ápice do terror psicológico em minutos, como diria uma antiga forma informal de se expressar: o leitor chegará chutando logo a porta desse gênero literário.
Para quem já está familiarizado com o gênero, não tenha medo de se decepcionar, nem de encontrar uma história fácil de ser desvendada e entendida. Este é um livro para entrar na prateleira dos favoritos.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)