Sir Lewis Hamilton, mais do que um piloto

Por João Pedro Mafalda

Nascido em Stevenage, no sul da Inglaterra, Sir Lewis Carl David Hamilton, mais conhecido apenas como Lewis Hamilton, ou para nós brasileiros apelidado carinhosamente de Luis Amilton, é um dos maiores pilotos de Fórmula 1 da história da modalidade, sendo o patamar de mais alto nível dentro do automobilismo e um dos esportistas mais bem sucedidos da atualidade. Seu título de “Sir” veio no ano de 2020, sendo considerado um cavaleiro da Ordem do Império Britânico por seus feitos no automobilismo. Dentro das pistas, o piloto que estreou bem jovem no ano de 2007 aos 22 anos, é atualmente, aos 37 anos, o maior campeão da modalidade possuindo 7 títulos mundiais, igualando a outra lenda do esporte, o alemão Michael Schumacher. Lewis é detentor de diversos recordes, sendo o único piloto a possuir mais de 100 vitórias e mais de 150 subidas ao pódio. Desde pequeno, Lewis era um talento nato enquanto corria na categoria de kart. Tendo o ícone brasileiro Ayrton Senna como seu maior ídolo, Hamilton se inspira até hoje neste grande piloto e o superou em tudo que era possível. Como reconhecimento de seus feitos, em 2017 Lewis recebeu de presente da família Senna um dos capacetes utilizados por Ayrton em corridas, emocionando-se bastante e mostrando tamanho amor que possui por seu ídolo. Seu carinho por Senna e pelo Brasil é tanto que, no ano de 2022, o piloto recebeu o título de cidadão honorário do Brasil pela Câmara dos Deputados durante a semana do Grande Prêmio de São Paulo, e foi uma forma de o país retribuir o carinho, que possui muitos admiradores por todo seu território. 

Sua história de superação começa desde a infância no kart, onde competia com outros garotos com mais poder aquisitivo, e seu pai, Anthony Hamilton, esforçava-se da maneira que dava para deixar o carro de seu filho o mais competitivo possível, e o menino vencia as corridas contra oponentes que possuíam kart melhores, mostrando desde jovem um talento incrível para pilotar. Seu primeiro título foi um campeonato britânico, onde Lewis diz que derrotou um jovem muito rico que possuía uma equipe inteira que era paga, enquanto ele tinha apenas seu pai bancando tudo. A partir daí, ficou claro para Lewis que o automobilismo é extremamente elitista. Algo importante a ser ressaltado é que Lewis é o único piloto negro em toda a história da Fórmula 1, sendo um ambiente amplamente dominado por homens brancos, desde os outros pilotos do grid até os integrantes das equipes, frequentadores das corridas, como público e convidados, e membros da Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Por ser negro, infelizmente é comum ver pessoas que desdenham de seus feitos, mesmo sendo considerado o maior de todos da modalidade. Apesar disso, Lewis nunca deixou se abater, visto que é algo que sofre desde que começou a pilotar. Hamilton sabe da influência e da visibilidade que possui, e com isso não possui nenhum medo de se posicionar e lutar contra injustiças que acontecem pelo mundo, sejam elas sofridas pela cor, gênero etc, além de ser um defensor das causas ambientais, lutando para que a cada ano a Fórmula 1 seja um esporte mais sustentável, e sendo assumidamente vegano e apoiar a causa.

No ano de 2020, durante a pandemia, a temporada de Fórmula 1 era um dos únicos esportes que estavam acontecendo. Neste mesmo ano, o movimento Black Lives Matter tomou grande proporção pelo mundo devido à morte de George Floyd nos Estados Unidos. Lewis participou ativamente de protestos contra o racismo, e em forma de apoio, sua equipe Mercedes Benz AMG Petronas mudou a pintura de seus carros, predominantemente na cor prata, para a cor preta, em sinal de apoio a Lewis, ao movimento e a diversidade dentro do automobilismo que, como já dito, é dominado por homens brancos. No grid, Lewis era inicialmente o único piloto a se ajoelhar durante os hinos, que é um ato de protesto bastante utilizado, e posteriormente recebeu apoio de outro piloto do grid neste ato, o alemão 4x campeão mundial Sebastian Vettel, que encerrou a carreira em novembro de 2022. Além de ajoelhar, em uma das corridas, Lewis utilizou uma camiseta escrita “Prendam os policiais que mataram Breonna Taylor” na parte da frente e na parte de trás estava escrito “Digam seu nome”com uma foto da jovem de 26 anos, que foi assassinada por policiais dentro de sua casa em Março de 2020 nos EUA. Essas atitudes de Hamilton incomodaram a FIA, pois segundo a organização atos políticos vão contra o regulamento da competição e poderiam gerar punições ao piloto, por violar questões estatutárias da organização. Mesmo diante disso, Lewis utilizou suas redes sociais para reforçar seu posicionamento e disse que não iria desistir dos protestos e da luta para tornar o mundo um lugar melhor para as futuras gerações. Naquele ano, Hamilton conquistou seu heptacampeonato e mostrou mais uma vez o grande piloto e ser humano que é. 

Além de protestos contra o racismo, Lewis também luta contra a homofobia e contra o machismo presentes na Fórmula 1 e nos países onde as corridas são realizadas. O piloto preza bastante pelo espaço das mulheres dentro da modalidade, considerando sua fisioterapeuta Angela Cullen como uma das maiores responsáveis por seu sucesso na categoria e ela está sempre presente entre os membros da equipe em todos os fins de semana de corrida. Em etapas da F1 em países que consideram homossexualidade um crime, como por exemplo no Catar, sede da Copa do Mundo de futebol em 2022, Lewis utiliza capacetes com as cores da bandeira LGBTQIA+ e sempre reforça o seu apoio a todo tipo de amor. Em sua visita mais recente ao Brasil, em novembro de 2022, Lewis veio ao Rio de Janeiro visitar o projeto social Casa Amarela no Morro da Providência e passou o dia brincando com as crianças e vendo as artes do projeto. 

Mais do que um piloto, Lewis Hamilton é uma fonte de inspiração. A cada vitória, ele agradece a todos os membros de sua equipe e sempre passa uma mensagem a todos os para acreditarem em si mesmos e em seus sonhos, pois ele apoia cada um. Um espelho para jovens negros ao redor do mundo, mostrando que mesmo diante de todas as dificuldades que vão enfrentar por sua cor de pele, é possível superar e chegar longe, e conquistar tudo o que quer. Mais que um piloto, Hamilton é um ser humano necessário no mundo atual em que vivemos, pois mesmo estando rodeado da elite conservador devido a sua profissão, seus ideais são totalmente diferentes e com isso ele consegue transformar o ambiente da Fórmula 1, de maneira lenta, mas gradual e de extrema importância. Ainda não se sabe quando ele irá aposentar seu capacete, mas esperamos que não seja tão cedo. E no dia em que acontecer, ele terá deixado um legado que será eterno, tanto na modalidade, tanto no mundo.

REFERÊNCIAS 

https://noticiapreta.com.br/f1-quer-coibir-protesto-contra-racismo-apos-lewis-hamilton usar-camisa-que-pede-justica-para-breonna-taylor/ 

https://gq.globo.com/Corpo/Esportes/noticia/2020/12/para-lewis-hamilton-movimento-b lack-lives-matter-foi-fundamental-na-conquista-do-setimo-mundial-de-f1.html 

https://www.torcedores.com/noticias/2020/06/como-formula-1-se-tornou-um-esporte-de elite 

https://www.cnnbrasil.com.br/esporte/apos-ida-de-hamilton-a-protestos-mercedes-pinta -carro-de-preto-contra-racismo/

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