“Flores para Algernon”, Daniel Keyes

Por Stefany Araújo

Do autor Daniel Keyes, o romance “Flores para Algernon” nos conta a história de Charlie Gordon. Ao iniciar o livro o leitor logo dá de cara com uma escrita característica repleta de erros ortográficos e gramaticais, trata-se da escrita de Charlie, um homem ingênuo de 32 anos com deficiência intelectual. O recurso é utilizado de maneira criativa, o que nos proporciona uma imersão na história, pois é justamente através da escrita de Charlie em seus relatórios de progresso que podemos observar seu desenvolvimento ao longo do tempo.

A condição Charlie faz com que sua personalidade se assemelhe a de uma criança. Em seus relatórios ele compartilha com os leitores sua rotina, seus pensamentos e desejos mais profundos. Entre eles, o sonho de ser alguém inteligente.

Para Charlie, tornar-se inteligente e ser capaz de superar suas limitações de aprendizagem o tornariam alguém mais querido por seus amigos. Abandonado por seus familiares ainda na infância, seu círculo social mais próximo se resume à escola para alunos com deficiência intelectual e seu trabalho. Aqui temos um primeiro vislumbre da solidão que Charlie carrega, pois sua necessidade de formar vínculos e ter uma boa relação com todos a sua volta é o que inicialmente o motiva a querer ser alguém diferente.

A invenção de uma nova cirurgia experimental com propriedades nunca antes vistas é a promessa para a realização do sonho de Charlie. Ele se torna a primeira cobaia humana do experimento que visava aumentar as capacidades cognitivas de indivíduos com sua condição.

As consequências da cirurgia trazem reviravoltas inesperadas, deslocando Charlie para uma nova vida. A alteração de sua percepção, a recuperação de memórias da infância, entre outros desdobramentos, o despertam para uma realidade que pode ser cruel.

“Estava tudo bem enquanto eles pudessem rir de mim e parecer inteligentes à minha custa,
mas agora eles se sentiam inferiores ao imbecil […] Eu os havia traído, e eles me odiavam
por isso.”

Originalmente publicado como conto em 1959, Flores para Algernon ganhou adaptações para o cinema e uma nova edição em 2018. O livro considerado um clássico da literatura norte-americana traz um debate profundo recheado de questionamentos existenciais, sendo uma leitura sensível que incita a reflexão sobre o significado da inteligência, empatia, e dignidade.

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