Por Júlia Hurel
O filme bibliográfico “O Menino Que Descobriu o Vento” constrói uma narrativa sensível e engrandecedora sobre uma menino extraordinário que mudou a vida de todos à sua volta. William construiu um moinho de vento na vila de Wimbe, onde morava com sua família, beneficiando toda a comunidade que sofria com a falta d’água e a fome no Malawi, um país situado na região Oriental da África.
Era filho de família pobre, teve que deixar a escola, pois seu pai não tinha como pagar seus estudos por conta da seca que devastou sua vila e acarretou na perda de grande parte de sua colheita. Ele foi proibido de assistir às aulas então decidiu frequentar clandestinamente a biblioteca da escola, onde lia diversos livros de ciência, os quais lhe inspiraram a desenvolver os primeiros experimentos com energia eólica. Assim, inicialmente criou uma pequena turbina de vento, mas precisava de outros equipamentos para desenvolver algo maior.
Ainda por meio dos estudos, compreendeu que a ciência poderia ajudá-lo a criar algo que pudesse diminuir os efeitos da seca e da fome na sua cidade. Entretanto, mesmo com todo esse potencial, seu pai não acreditava que as ideias dele pudessem dar certo. Principalmente porque, para conseguir criar o moinho, William precisaria utilizar partes de um dos poucos bens da família: a única bicicleta e ventilador do local.
Nesse aspecto, o longa-metragem desenvolve esse conflito entre a necessidade de mudança fomentada pela criatividade e a descrença gerada por algo tão novo. Dessa forma, o filme mostra como a educação pode ser transformadora em todos os sentidos. Graças a persistência de William, toda a sua comunidade, que era obrigada a brigar pelos escassos alimentos enviados pelo governo, consegue se tornar independente e revitalizar as plantações novamente. Portanto, o conhecimento libertou William e ele libertou o seu povo.
Por fim, considero um filme sensacional e muito bem estruturado, que consegue transparecer a mensagem por trás da história real desse menino que “descobriu o vento”. Além de demonstrar a forte ligação daquele povo com o meio ambiente e a cultura ancestral, o filme também inquieta, provoca indignação, mas sobretudo uma disposição de prosseguir alimentando esperanças por dias melhores e mais socialmente justos. Há uma frase do educador brasileiro Paulo Freire que exemplifica bastante a moral da obra: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.