“Fahrenheit 451”

Releituras na Quarentena

Ana Clara Sant`Anna Gómez Ferreira

O livro “Fahrenheit 451” (1953), escrito por Ray Bradbury, é considerado uma das obras clássicas da literatura, uma ficção científica enquadrada no que conhecemos como distopia ou antiutopia, ou seja, um sistema imaginário que apresenta, normalmente, um governo totalitário, trazendo reflexões e discussões sobre a realidade. Essa obra, juntamente com “Admirável mundo novo” (1932) e “1984” (1949), forma uma tríade das principais distopias clássicas conhecidas.

Em “Fahrenheit 451”, Bradbury traz para os leitores uma sociedade futura onde o controle de informação é frequentemente inserido por meio da proibição dos livros e da leitura de modo geral. Assim, nesse mundo distópico, os bombeiros não possuem a função de apagar os incêndios, mas sim de atear fogo aos livros. É preciso somente a desconfiança dos vizinhos, de que um morador possua livros guardados, para que um alarme seja enviado aos bombeiros e o fogo se inicie.

Cena do filme de 1966

Diferente do que podemos encontrar em “1984” de George Orwell, por exemplo, em que há a participação direta do governo autoritário, aqui a aversão pelos livros é motivada pelos próprios comportamentos da sociedade que foram mudando ao longo dos anos. Nesse sentido, a leitura passa ser substituída pela televisão, música, pelo teatro e por todo tipo de entretenimento que leva o indivíduo ao conforto. E é assim que a proibição se inicia, já que os livros nos fazem pensar, ter sentimentos, visões diferentes sobre o mundo e, principalmente, nos tiram da zona de conforto, podendo causar até conflitos, como é retratado por Bradbury na obra.

Guy Montag, o protagonista do romance, faz parte do grupo de bombeiros que queimam os livros. Até certo ponto ele parece estar satisfeito com a vida que leva em sua profissão e ao lado de sua esposa Mildred. Porém, acontecimentos ocorremfazendo com que ele desperte e perceba com outros olhos tudo o que ocorre ao seu redor. Um desses acontecimentos é a amizade que cresce entre ele e a sua vizinha Clarisse, uma menina sonhadora que gosta de observar e questionar sobre o mundo. Ele, que não entendia muito bem os pensamentos “aleatórios” da jovem, aos poucos se aproxima dela. A partir daí, o enredo de “Fahrenheit 451” se desenrola, retratando a jornada de Montag em uma sociedade vazia e assustadora que vê nos livros seu maior inimigo.

Já tinha ouvido falar bastante desse livro e tive a oportunidade de conhecê-lo esse ano e gostei muito da experiência. Uma leitura impactante que me fez enxergar o quão atual são as questões abordadas, tanto em relação à nossa visão sobre os livros, quanto aos nossos comportamentos acerca da tecnologia, do entretenimento e consumo.

Assista ao vídeo sobre este livro em nosso Canal do YouTube:

Por: Joanna Motta

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