Por Sarah Amorim
Fonte: https://editoraaleph.com.br/produto/eu-robo/
“Eu, robô” é um clássico da ficção científica escrito por Isaac Asimov e publicado pela primeira vez em 1950. O livro é ambientado em um universo onde a robótica é uma tecnologia avançada e os robôs são parte integrante da sociedade. Assim, Asimov se utiliza dessa premissa para imaginar e explorar os diferentes aspectos da relação entre humanos e robôs no futuro, lidando com temas como inteligência artificial, ética, filosofia e a busca pela compreensão das diversas possibilidades e desafios que surgem com o avanço da tecnologia. Mais de 70 anos após sua publicação original, a leitura segue extremamente atual e impactante, especialmente no contexto atual, no qual as IA’s e a robótica se tornam cada vez mais presentes na nossa vida cotidiana.
O livro é estruturado num formato de uma série de entrevistas realizadas com a Dra. Susan Calvin, alta funcionária da U.S. Robots and Mechanical Men e especialista em cérebros robóticos. Ao longo das entrevistas, a Dra. Calvin narra nove histórias envolvendo diferentes robôs que marcaram sua carreira, o que permite que o leitor conheça o desenvolvimento da robótica e as implicações dessa tecnologia na sociedade.
Meus contos favoritos são “Robbie” e “Evidência”. No primeiro, uma menina se apega ao seu robô babá, mas é impedida pelos adultos, que começam a desaprovar a presença de robôs na sociedade, de continuar a conviver com seu robô, Robbie. Já no segundo, o candidato a prefeito, Stephen Bryer, é acusado de ser um robô pelo seu oponente. Essas histórias exemplificam como os contos de “Eu, robô” são variados e apresentam diferentes perspectivas sobre a relação entre humanos e robôs.
Outro aspecto interessante da obra, é a introdução das famosas Três Leis da Robótica, que são fundamentos que devem, obrigatoriamente, estar presentes na programação do “cérebro positrônico” dos robôs. As leis da robótica são os princípios éticos que guiam a ação dos robôs e são tema discussão até hoje. As leis e suas aplicações práticas estão no centro de muitos dos contos, que pensam seus limites e possíveis desdobramentos. São elas:
- Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano venha a ser ferido.
- Um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.
- Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou com a Segunda Lei.
(ASIMOV, p. 65)
Em suma, “Eu, robô” é uma obra-prima da ficção científica que através da brilhante escrita de Isaac Asimov consegue a difícil tarefa, especialmente para obras de ficção científica, de permanecer atual e impactante. A escrita de Asimov é cativante e sua habilidade de criar um futuro plausível e de levantar debates éticos importantes é digna de nota. Hoje, mais do que nunca, ler “Eu, robô” permite reflexões profundas sobre a natureza da consciência e os conceitos de liberdade e ética no contexto da tecnologia, da automação e de inteligência artificial. A obra é um prato cheio para os fãs de ficção científica, robótica, filosofia e para quem quiser refletir sobre o impacto das tecnologias na sociedade.