Por Bruna Acosta
O livro nos apresenta Biá, que na verdade se chama Emma e Biá é o seu “nome de louca”, uma senhora que frequenta todos os domingos uma banca de jornal no centro de Belo Horizonte, senta na mesma mesa, come um pão de queijo e lê um livro. Até que em um desses domingos corriqueiros uma moça ruiva está sentada à mesa que Biá costuma ficar e ela se aproxima na intenção de pegar o lugar que já está acostumada, só que ao se aproximar, Biá percebe que a moça está chorando e então se pergunta o porquê de uma jovem tão bonita estar tão triste daquela forma. Assim, um pouco inconveniente, Biá pede para se juntar à moça que se apresenta como Olivia, Biá então pergunta diretamente o que está acontecendo e Olivia desabafa. Em um primeiro momento, só sabemos que Olivia tinha uma amiga chamada Rita que se afastou dela, e daí vem toda a tristeza. Ali, naquela mesa, Biá e Olivia combinaram de todos os domingos pela manhã se reunirem para conversarem.
Biá faz algumas anotações sobre esses encontros e também sobre suas memórias, pois possui uma memória limitada e se esquece facilmente das coisas.
Com o passar do livro, sabemos que as duas compartilham esse sentimento de abandono, Biá que fora abandonada pelo seu marido Teodoro, e Olivia pela Rita. O livro aborda muito sobre a angústia de Olivia de não saber, e Biá pontua que sua filha também a questiona muito sobre o motivo do abandono do pai. “Não saber nem sempre é o pior lugar” defende Biá em algumas passagens do livro.
Mais a frente, Biá adoece e fica impossibilitada de ir aos encontros dominicais, então Olivia vai até a casa dela para uma visita e é finalmente onde descobrimos qual é a história de Olivia, onde foi que a amizade se perdeu e onde foi que a vida começou a acontecer. Um sentimento explorado nesse livro é que a saudade não diminui, na verdade, continua do mesmo tamanho como uma constante, mas o que acontece é que a vida vai crescendo e acontecendo em volta dessa saudade, até que ela pare de ser uma prioridade, o que não significa que é esquecida.
Uma conversa importante entre Olivia e a filha de Biá, Teresa, acontece e nos faz conhecer mais sobre quem foi a “Dona Emma” em sua juventude, as suas motivações ficam um pouco mais claras após descobrirmos algumas dessas informações.
Em geral, é um ótimo livro nacional de Carla Madeira, que mais uma vez prova sua enorme capacidade de escrita nesse romance sobre a amizade, o abandono, as mágoas, as frustrações, e também sobre o amor.